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demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

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cenas fechadas, "<strong>de</strong> estúdio", favorecem os Terra Cambará, no ve-<br />

lho sobrado, enquanto cenários das batalhas ou as andanças do Ca-<br />

pitão Rodrigo ganhariam numa tela maior. Numa adaptação da li-<br />

teratura, muitas vezes o diretor tem <strong>de</strong> escolher entre um gran<strong>de</strong><br />

plano, que realça o aspecto dramático, e o dose, que permite ao te-<br />

lespectador observar a técnica individual.<br />

Aliás, esta já é uma questão do meio em si e <strong>de</strong> suas exigências.<br />

As técnicas <strong>de</strong> contraponto utilizadas no romance são mais facil-<br />

mente assimiladas pelo leitor do romance. Já na minissérie, prin-<br />

cipalmente para o leitor comum, fica muito mais difícil a sua assi-<br />

milação. A polifonia resultante <strong>de</strong> uma "leitura" diária, ritual, sem<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> "releitura", a não ser no caso do vi<strong>de</strong>ocassete, fa-<br />

zem a narrativa confusa. Da trilogia, apenas O Continente foi adap-<br />

tado, ficando fora O Retrato e O Arquipélago. As quatro histórias<br />

constantes neste primeiro livro — Ana Terra, Um Certo Capitão Ro-<br />

drigo, Teiniaguá e O Sobrado — são contadas pelo fim, começando<br />

com a família Terra Cambará, republicana, cercada em seu sobrado<br />

<strong>de</strong> Santa Fé. A partir daí começam os flashbacks, chegando em cer-<br />

tos momentos a flashback <strong>de</strong> flashback. Mesmo que o telespectador<br />

comum já tenha se "a<strong>cultura</strong>do" <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas técnicas, <strong>de</strong>vido ao<br />

cinema, fica muito difícil quando a narrativa se processa a conta-<br />

gotas <strong>de</strong> 40 minutos cada, diariamente, em trinta capítulos, exigin-<br />

do continuamente a sua atenção. Esta argumentação fica ainda mais<br />

nítida quando se sabe que os resultados <strong>de</strong> várias pesquisas <strong><strong>de</strong>mo</strong>ns-<br />

tram que muitos telespectadores <strong>de</strong>dicam apenas uma parte <strong>de</strong> sua<br />

atenção ao que está acontecendo no ví<strong>de</strong>o. 6<br />

Um outro ponto a ser consi<strong>de</strong>rado no caso da linguagem da te-<br />

levisão versus outras linguagens é sua eficácia enquanto transmis-<br />

são ao vivo. A televisão, em sua a<strong>de</strong>rência ao real, tem mais que<br />

qualquer outro meio sua eficácia na <strong>comunicação</strong>, tanto pelo ime-<br />

diatismo do mídia (ela vê o que acontece), pela sua espontaneida<strong>de</strong><br />

(o que se vê nunca havia sucedido, pelo menos daquela maneira),<br />

e pela atualida<strong>de</strong> (a sensação <strong>de</strong> que o que se vê é verda<strong>de</strong>iro). Ao<br />

contrário da literatura e do cinema, que trazem imagem da realida-<br />

<strong>de</strong>, a televisão mostra a própria realida<strong>de</strong>. 7<br />

É claro que essas afirmações po<strong>de</strong>m ser contestadas. Alguém<br />

dirá, por exemplo, que entre as imagens captadas pela câmera e sua<br />

captação pelo telecpectador existe o ponto <strong>de</strong> vista do editor, que<br />

permanece o tempo todo montando as imagens que vão ao ar e que<br />

lhe chegam a partir <strong>de</strong> diversas câmeras. E que aqui também se<br />

trata da questão fundamental da Literatura, a figura do narrador.<br />

Neste caso. trata-se <strong>de</strong> um narrador (o editor) levando ao telespec-<br />

tador as imagens que lhes são trazidas pelas câmeras, subnarrado-<br />

res <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> narrar eletrônico. Aqui, no entanto, persiste a di-<br />

ferença fundamental: toda a montagem, isto é, a estruturação dos<br />

pontos <strong>de</strong> vista narrativos, é contemporânea aos próprios aconteci-<br />

mentos narrados, existindo uma espécie <strong>de</strong> isocronia, o que leva à<br />

questão do tempo da e na narrativa.<br />

Mesmo que se reconheça como potencialida<strong>de</strong> maior da televi-<br />

são sua a<strong>de</strong>rência ao real. possibilitando a transmissão ao vivo, é<br />

certo que o tempo <strong>de</strong>dicado a esse tipo <strong>de</strong> programa é mínimo em<br />

relação aos programas preparados com antecedência, como foi o<br />

caso <strong>de</strong> O Tempo e o Vento, cujas filmagens <strong>de</strong>senrolaram-se duran-<br />

te nove meses, com cenas tomadas no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e numa<br />

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