demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
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Nicole, acrescentando que "no dia em que o sindicalizado pu<strong>de</strong>r ins-<br />
tantaneamente comentar as <strong>de</strong>cisões e as tomadas <strong>de</strong> posição <strong>de</strong> sua<br />
associação e <strong>de</strong> seus lí<strong>de</strong>res sindicais, a palavra 'participação' tomará<br />
então toda a sua significação. Se não, para que serviria dispensar<br />
a melhor <strong>comunicação</strong> que seja, se o receptor, o sindicalizado, não<br />
estivesse inclinado a participar da elaboração <strong>de</strong> uma obra comum?" 10<br />
Além disso, há que se <strong>de</strong>senvolver as relações do sindicato com<br />
seus públicos externos, num trabalho que, para a autora citada, con-<br />
siste em "passar idéias", difundir um conteúdo que, muito freqüen-<br />
temente, não goza antecipadamente <strong>de</strong> um conceito favorável da par-<br />
te do público consumidor", " que po<strong>de</strong> ser o patrão, o Estado etc.<br />
Muitos trabalhos po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidos em conjunto com as<br />
outras áreas da <strong>comunicação</strong> social (Jornalismo, Publicida<strong>de</strong> e Pro-<br />
paganda, Editoração etc), como ví<strong>de</strong>os, eventos, publicações, relações<br />
com a Imprensa, campanhas. Um setor ou <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Rela-<br />
ções Públicas numa estrutura sindical po<strong>de</strong>rá ter como uma <strong>de</strong> suas<br />
missões, por exemplo, promover um relacionamento muito maior dos<br />
trabalhadores com seu sindicato. Se consi<strong>de</strong>rarmos que a categoria<br />
metalúrgica <strong>de</strong> São Paulo reúne mais <strong>de</strong> trezentas mil pessoas e<br />
apenas pouco mais <strong>de</strong> vinte por cento <strong>de</strong>las são sindicalizadas, vê-se<br />
que há muito por fazer nesse sentido.<br />
Trata-se <strong>de</strong> conscientizar e mobilizar os trabalhadores para uma<br />
efetiva participação na vida sindical. É um item que faz parte <strong>de</strong><br />
ampla pesquisa realizada pelo CEDEC (<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Cul-<br />
tura Contemporânea), <strong>de</strong> São Paulo, junto a dirigentes sindicais <strong>de</strong><br />
vários estados brasileiros. A maioria dos entrevistados confirmou<br />
que "os trabalhadores ainda estão distantes da vida dos sindicatos<br />
e muitas vezes os sindicatos estão longe dos trabalhadores". 12 Para<br />
eles, só com uma "gran<strong>de</strong> participação" se conseguirá uma verda-<br />
<strong>de</strong>ira organização sindical.<br />
Relações Públicas nas organizações populares<br />
Pensar em Relações Públicas populares supõe que se conheça o<br />
que é "povo" e "organização popular".<br />
Eduardo Wan<strong>de</strong>rley analisa amplamente o conceito <strong>de</strong> povo em<br />
artigo publicado no livro A <strong>cultura</strong> do povo. í 3 Gramsci <strong>de</strong>fine<br />
povo como o "conjunto <strong>de</strong> classes subalternas e instrumentais, sub-<br />
metidas à combinação econômica e política das classes hegemônicas<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>". 1 * Regina Festa, citando essa<br />
mesma <strong>de</strong>finição, ao analisar um artigo <strong>de</strong> Gilberto Gimenez ("No-<br />
tas para una teoria <strong>de</strong> Ia comunicación popular"), diz: "Nós enten-<br />
<strong><strong>de</strong>mo</strong>s que povo e popular só po<strong>de</strong>m ser compreendidos através da<br />
diferenciação sócio-econômica e sócio-<strong>cultura</strong>l, no marco das rela-<br />
ções sociais <strong>de</strong> produção. O popular, portanto, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>finido à<br />
luz <strong>de</strong> uma teoria das classes sociais". 15<br />
E o que se <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r por organizações populares? São os<br />
pequenos grupos, os núcleos <strong>de</strong> base que compõem a socieda<strong>de</strong><br />
maior. É nessas microssocieda<strong>de</strong>s que se gestará a nova socieda<strong>de</strong><br />
participativa e <strong><strong>de</strong>mo</strong>crática, unida por uma nova trama social soli-<br />
dária e libertadora, conforme preconiza Bor<strong>de</strong>nave. 18<br />
Um trabalho <strong>de</strong> Relações Públicas nas organizações populares<br />
<strong>de</strong>verá partir <strong>de</strong> uma prática inteiramente nova, inserindo-se numa<br />
concepção libertadora da educação, i<strong>de</strong>ntificando-se com a realida-<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses agrupamentos sociais, por meio <strong>de</strong> uma ação conjunta com<br />
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