12.04.2013 Views

demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Felizmente, os mo<strong>de</strong>los lusitanos<br />

não nos enlouqueceram, nota-<br />

damente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> recebermos as<br />

novas ondas migratórias e <strong>de</strong>sco-<br />

brirmos que somos <strong>cultura</strong>s, somos<br />

plural (o que impossibilita, hoje<br />

a possível hipocrisia da nova cons-<br />

tituição, se preten<strong>de</strong>r estabelecer<br />

uma política nacional <strong>de</strong> <strong>cultura</strong>).<br />

Enfim, lendo o livro releio as<br />

aulas dos mestres Edith e Antônio<br />

Cândido, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêm as mensa-<br />

gens do compromisso da arte bra-<br />

sileira com as situações concretas<br />

do Brasil plural. Literatura com-<br />

prometida, língua comprometida,<br />

veicular, abrindo-se para as diver-<br />

sas concordâncias, regências, colo-<br />

cações, plural do léxico <strong>de</strong> i<strong>de</strong>o-<br />

logias, crônica diária das vicissi-<br />

tu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> país <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, cujas<br />

"frinéias <strong>de</strong> sarjetas" jamais leram<br />

Rui Barbosa, mas semantizaram<br />

o seu viver sofrido no diapasão<br />

possível do português que se<br />

apren<strong>de</strong>u na interação social; se<br />

longe das normas camonianas,<br />

ainda no sistema da gran<strong>de</strong> cria-<br />

ção luso-brasileira. Um portu-<br />

guês simplificado, mas não mor-<br />

to. Irregular, mas capaz <strong>de</strong> tocar<br />

a irregular vida brasileira. Não<br />

bárbaro, mas humano. Talvez<br />

oralizante e feito <strong>de</strong> clichês, por<br />

força das múltiplas repressões<br />

(até as suaves...), mas um por-<br />

tuguês que veicula o que po<strong><strong>de</strong>mo</strong>s<br />

ser, até que sejamos mais do que<br />

somos.<br />

Luiz Roberto Alves<br />

Instituto Metodista <strong>de</strong><br />

Ensino Superior<br />

Brinquedo e Serieda<strong>de</strong><br />

OLIVEIRA, Paulo <strong>de</strong> Salles<br />

— Brinquedo e Indústria<br />

Cultural. Petrópolis, Vozes,<br />

1986, 96 pp.<br />

O maior mérito <strong>de</strong>ste livro não<br />

está, seguramente, no rigor cien-<br />

tífico que seria <strong>de</strong> se esperar <strong>de</strong><br />

uma obra cuja gênese é uma dis-<br />

sertação <strong>de</strong> mestrado em Ciências<br />

Sociais, dadas as suas imprecisões,<br />

omissões e falhas <strong>de</strong> organização.<br />

Mas se a Aca<strong>de</strong>mia não gerou<br />

um produto perfeito, o mercado<br />

editorial ganhou um livro neces-<br />

sário e instigante. Necessário por-<br />

que é pioneiro, ao apresentar ao<br />

leitor brasileiro pela primeira vez<br />

um quadro completo das ques-<br />

tões que envolvem o brinquedo in-<br />

dustrializado. O que se publicou<br />

antes no Brasil refere-se a estudos<br />

em que este tema é tratado <strong>de</strong><br />

forma parcial ou secundária. A<br />

publicação que mais se aproxima<br />

<strong>de</strong>ste livro é do próprio Paulo <strong>de</strong><br />

Salles Oliveira (O que é brinque-<br />

do, São Paulo, Brasiliense, 1984).<br />

Além <strong>de</strong> pioneiro, o livro é cora-<br />

joso. Ele trata o brinquedo — um<br />

objeto próprio <strong>de</strong>sta classe consi-<br />

<strong>de</strong>rada inferior que é a das crian-<br />

ças — como algo sério e relevan-<br />

te no contexto das Ciências So-<br />

ciais, alinhando-o ao lado dos <strong>de</strong>-<br />

mais agentes i<strong>de</strong>ológicos dominan-<br />

tes já <strong>de</strong>nunciados pela Escola <strong>de</strong><br />

Frankfurt, quais sejam, os meios<br />

<strong>de</strong> <strong>comunicação</strong> social.<br />

Em segundo lugar, o livro é ins-<br />

tigante por abordar vários lados<br />

da questão "brinquedo industria-<br />

lizado", mostrando a multiplici-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> vias pelas quais ela po<strong>de</strong><br />

ser estudada. Ele é, neste senti-<br />

do, muito mais uma "introdução<br />

ao brinquedo industrializado" do<br />

que uma pesquisa dirigida especi-<br />

ficamente às relações entre o brin-<br />

quedo e a Indústria Cultural, con-<br />

forme quer indicar o título. Cen-<br />

tralmente, o livro se propõe a ana-<br />

lisar o brinquedo industrializa-<br />

do sob o ângulo sociológico, até<br />

aqui explorado <strong>de</strong> maneira insu-<br />

ficiente. Isto implica articulá-lo<br />

com a produção i<strong>de</strong>ológica do-<br />

minante e, em conseqüência, com<br />

o imperialismo <strong>cultura</strong>l, passando<br />

pela sua realização capitalista en-<br />

quanto mercadoria.<br />

Em torno <strong>de</strong>ste conduto princi-<br />

pal, gravitam aspectos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

interesse. Ura <strong>de</strong>les é o "adulto-<br />

centrisrao", pelo qual se dá a do-<br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!