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demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

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esponsável por um livro tão im-<br />

portante, <strong>de</strong>cididamente não levou<br />

a ciência muito a sério.<br />

Carlos Augusto Setti<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

Repensando a Cultura<br />

<strong>de</strong> Massas<br />

FILHO, Ciro Marcon<strong>de</strong>s —<br />

Quem Manipula Quem? O<br />

Po<strong>de</strong>r e Massas na Indús-<br />

tria da Cultura e da Comu-<br />

nicação no Brasil. Petrópo-<br />

lis, Vozes, 1986, 163 pp.<br />

O <strong>de</strong>bate intelectual é um cor-<br />

po estranho no ethos da universi-<br />

da<strong>de</strong> brasileira. O campo <strong>de</strong> es-<br />

tudos sobre <strong>cultura</strong> e comunica*<br />

ção social constitui, nesse sentido,<br />

um caso privilegiado, <strong>de</strong>vido a sua<br />

institucionalização tardia no sis-<br />

tema educacional. Quem Mani-<br />

pula Quem apresenta-se funda-<br />

mentalmente como um livro <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>bate. Por isso, corre o risco<br />

<strong>de</strong> passar <strong>de</strong>sapercebido. O silên-<br />

cio é geralmente tranqüilizador,<br />

especialmente diante <strong>de</strong> teses e<br />

idéias provocativas, como são as<br />

contidas neste último trabalho <strong>de</strong><br />

Ciro Marcon<strong>de</strong>s Filho.<br />

O livro reúne uma série <strong>de</strong> tex-<br />

tos publicados pelo autor ao lon-<br />

go dos últimos anos em revistas<br />

especializadas. O tema central é<br />

a <strong>cultura</strong> na socieda<strong>de</strong> capitalista<br />

contemporânea. Assim, ao lado<br />

<strong>de</strong> escritos <strong>de</strong> certa forma mais<br />

específicos, como os que tratam<br />

da questão da sexualida<strong>de</strong>, da te-<br />

lenovela, do shopping center e da<br />

publicida<strong>de</strong> transnacional, o leitor<br />

po<strong>de</strong> encontrar ensaios <strong>de</strong> caráter<br />

teórico, a propósito dos conceitos<br />

<strong>de</strong> <strong>cultura</strong>, i<strong>de</strong>ologia e imaginário.<br />

Todavia, convém não contrapor<br />

esses dois eixos. A leitura atenta<br />

da obra revela sua profunda im-<br />

bricação, como atesta o capitulo<br />

4, intitulado "Telenovela e Lógica<br />

do Capital", que nos parece um<br />

texto obrigatório para as futuras<br />

discussões sobre o assunto.<br />

Não obstante, a linha <strong>de</strong> força<br />

do livro resi<strong>de</strong>, sem dúvida, nas<br />

proposições teóricas que o autor<br />

apresenta. O ponto <strong>de</strong> partida<br />

constitui o texto "O Enterro <strong>de</strong><br />

Althusser", on<strong>de</strong> a critica do pa-<br />

radigma <strong>de</strong> estudos esboçado pelo<br />

pensador francês serve <strong>de</strong> sinal<br />

para "repensar toda a teoria das<br />

i<strong>de</strong>ologias e montar um instru-<br />

mental teórico <strong>de</strong> trabalho mais<br />

sólido e amplo para, a partir <strong>de</strong>s-<br />

se inicio, repensar todo o proble-<br />

ma da teoria da Comunicação"<br />

(121).<br />

É a essa tarefa que o autor se<br />

<strong>de</strong>dica notadamente nos capítulos<br />

6 e 10, on<strong>de</strong> por um lado apre-<br />

senta suas teses sobre a luta <strong>de</strong><br />

classes, a história e o imaginário;<br />

e, por outro, critica certas con-<br />

cepções <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, propaganda e<br />

<strong>cultura</strong>. O ponto comum é o ata-<br />

que ao marxismo tradicional, es-<br />

necialmente sua incapacida<strong>de</strong> em<br />

dar conta do papel do registro<br />

imaginário no movimento do ca-<br />

pitalismo monopolista. Marcon-<br />

<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>o-<br />

logia "homólogo à ativida<strong>de</strong> hu-<br />

mana em suas relações sociais e <strong>de</strong><br />

produção", que satura todos os<br />

campos sociais, provém do con-<br />

junto <strong>de</strong> suas lutas e contradições,<br />

e cujo único critério é a prática<br />

(55-56).<br />

Nessas colocações, nota-se a in-<br />

fluência do pensamento <strong>de</strong> Casto-<br />

riadis, centrado na idéia <strong>de</strong> que<br />

a socieda<strong>de</strong> se auto-institui atra-<br />

vés <strong>de</strong> um magma <strong>de</strong> significações,<br />

que o filósofo chama <strong>de</strong> imaginá-<br />

rio radical, não obstante Ciro<br />

Marcon<strong>de</strong>s manter a tese marxis-<br />

ta <strong>de</strong> que as i<strong>de</strong>ologias são his-<br />

toricamente <strong>de</strong>terminadas pela lu-<br />

ta <strong>de</strong> classe (48), o que contraria<br />

os fundamentos da reflexão ino-<br />

vadora <strong>de</strong> Castoriadis.<br />

Com relação às teses equivoca-<br />

das sobre po<strong>de</strong>r, propaganda e<br />

<strong>cultura</strong>, encontramos uma apro-<br />

ximação maior igualmente visí-<br />

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