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demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

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Democracia, comunicaçáo e<br />

classe trabalhadora*<br />

Antônio Albino Canelas Rubim **<br />

A ditadura que sofremos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964 impôs significativas modi-<br />

ficações na realida<strong>de</strong> brasileira. Intencionalmente ou não a dita-<br />

dura <strong>de</strong>ixou seqüelas. Uma <strong>de</strong>las, quiçá benéfica, foi a transforma-<br />

ção acontecida no pensamento e na prática política <strong><strong>de</strong>mo</strong>crática no<br />

Brasil. O Estado ditatorial — o Estado violentamente instrumen-<br />

to das classes dominantes — <strong>de</strong>struiu as esperanças e concepções,<br />

inclusive <strong>de</strong> parte substancial dos setores progressistas, que viam o<br />

Estado como ponta <strong>de</strong> lança e momento <strong>de</strong>terminante da <strong><strong>de</strong>mo</strong>cra-<br />

tização da socieda<strong>de</strong>. O Estado ditatorial <strong>de</strong>struiu esperanças e obri-<br />

gou a prática <strong><strong>de</strong>mo</strong>crática a, como que, se refugiar na Socieda<strong>de</strong> Ci-<br />

vil. Circunscrita à socieda<strong>de</strong> civil, num embate muitas vezes violen-<br />

to com o Estado, a "nova" prática política necessitou para se rea-<br />

lizar <strong>de</strong> uma significativa transformação do próprio pensamento po-<br />

lítico <strong><strong>de</strong>mo</strong>crático que a <strong>de</strong>ve refletir e impulsionar. No cerne <strong>de</strong>s-<br />

tas transformações <strong>de</strong>senvolveu-se a concepção <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong><br />

civil é o espaço <strong>de</strong>terminante da <strong><strong>de</strong>mo</strong>cratização da socieda<strong>de</strong>.! Nes-<br />

ta reviravolta, neste aprendizado teórico e prático calam fundo as<br />

marcas da ditadura.<br />

Afirmar a socieda<strong>de</strong> civil como momento <strong>de</strong>terminante não sig-<br />

nifica conceber socieda<strong>de</strong> civil e Estado como momentos distintos,<br />

contrapostos e isolados na socieda<strong>de</strong>. Significa pensá-los como mo-<br />

mentos distintos, mas inter-relacionados no processo dialético <strong>de</strong> cons-<br />

tituição da socieda<strong>de</strong>, do qual a socieda<strong>de</strong> civil é o momento <strong>de</strong>-<br />

terminante. Tal concepção <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>mo</strong>cratização é, sem dúvida, um<br />

passo importante do pensamento e da prática políticos no Brasil<br />

contemporâneo e não po<strong>de</strong>, nem <strong>de</strong>ve ser "esquecida", apesar das<br />

tentações <strong>de</strong> um Estado mais <strong><strong>de</strong>mo</strong>crático e principalmente dos "es-<br />

* Trabalho apresentado na mesa-redonda "Socieda<strong>de</strong> Civil e Democra-<br />

tização da Comunicação", realizada no Seminário "Constituinte e Política<br />

Democrática <strong>de</strong> Comunicação" (Salvador, 1986).<br />

•* Professor e Chefe do Departamento da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da<br />

Bahia.<br />

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