demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
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Disseminação — "envio <strong>de</strong> mensagens elaboradas em linguagens es-<br />
pecializadas a receptores seletivos e restritos".<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente as três categorias da <strong>comunicação</strong> científica fluem<br />
através da imprensa diária, mas não assumem necessariamente fei-<br />
ção jornalística. O que as torna singulares enquanto produtos da<br />
informação <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>s é justamente aquele traço <strong>de</strong> "oportuni-<br />
da<strong>de</strong>" a que se refere Pilippi e que justifica a sua inserção na super-<br />
fície impressa. Geralmente tais mensagens logram espaço num jor-<br />
nal porque os seus produtores aguçam a sensibilida<strong>de</strong> informativa<br />
para encontrar "ganhos" narrativos que as situam no cenário da<br />
atualida<strong>de</strong> e funcionam como mecanismos <strong>de</strong> apelo aos leitores po-<br />
tenciais.<br />
De qualquer maneira, é preciso alertar para a circunstância <strong>de</strong><br />
que das três categorias a mais i<strong>de</strong>ntificada com a natureza própria<br />
do Jornalismo é a difusão, pois realiza a tarefa <strong>de</strong> informar em lin-<br />
guagem universal o que ocorre no mundo da ciência, tomando tais<br />
fatos acessíveis ao conhecimento do público receptor. No caso da<br />
disseminação, esse conhecimento fica restrito ao segmento do públi-<br />
co que domina o jargão em que a mensagem foi elaborada. Quanto<br />
à divulgação, trata-se <strong>de</strong> uma mensagem que, pressupondo transco-<br />
dificação (tradução da linguagem e simplificação do conteúdo), só<br />
se efetiva quando os seus produtores possuem competência científica<br />
(dominam o conteúdo específico) e competência comunicativa (do-<br />
minam o processo <strong>de</strong> vulgarização informativa).<br />
Pelos dados coletados nesta pesquisa, observa-se que a catego-<br />
ria predominante é sem dúvida a difusão, perfazendo 84% <strong>de</strong> toda<br />
a cobertura científica nos jornais paulistas e 57% nos jornais ca-<br />
riocas. Essa tendência é constante na quase totalida<strong>de</strong> dos jornais<br />
pesquisados, com exceção <strong>de</strong> O Globo, on<strong>de</strong> predominam as maté-<br />
rias <strong>de</strong> divulgação (57%).<br />
E interessante notar que a presença das categorias divulgação e<br />
disseminação é tanto mais expressiva quanto mais sintonizada com<br />
a composição sócio-econômico-<strong>cultura</strong>l dos jornais. Assim sendo, os<br />
jornais populares <strong><strong>de</strong>mo</strong>nstram mais sensibilida<strong>de</strong> para acolher os<br />
textos <strong>de</strong> divulgação científica, enquanto os jornais <strong>de</strong> elite mostram<br />
maior propensão para publicar as matérias <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> co-<br />
nhecimentos especializados.<br />
A diferença quantitativa observada no perfil da imprensa paulis-<br />
ta e da imprensa carioca em relação ã tarefa difusionista encontra<br />
confirmação no confronto entre o espaço ocupado pelas três catego-<br />
rias e o espaço distribuído pelos três tipos <strong>de</strong> autoria. Em São Paulo,<br />
predominam as matérias <strong>de</strong> difusão (84%) e também a autoria jor-<br />
nalística (88%); isso significa dizer que as matérias publicadas re-<br />
cebem tratamento noticioso por parte <strong>de</strong> profissionais da notícia, da<br />
reportagem e da edição. Já, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> é menor o es-<br />
paço da difusão (57%), verifica-se também uma menor proporção da<br />
autoria jornalística (73%) e uma maior projeção da autoria mista<br />
(21%). Consi<strong>de</strong>rando que os textos <strong>de</strong> divulgação no Rio <strong>de</strong> Janei-<br />
ro correspon<strong>de</strong>m a quase um terço da superfície impressa ocupada<br />
pela cobertura científica, é plausível que adquira maior vulto a atua-<br />
ção conjunta <strong>de</strong> cientistas e jornalistas para realizar a simplificação<br />
e vulgarização dos acontecimentos científicos, tornando-os compre-<br />
ensíveis à maioria dos leitores.<br />
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