demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
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espaço <strong>de</strong>dicado a ciência e tecnologia. Em São Paulo, há um equi-<br />
líbrio entre as Humanida<strong>de</strong>s (44%) e as Tecnologias (46%). A par-<br />
ticipação das ciências da vida — Biológicas e Saú<strong>de</strong> — é bastante<br />
reduzida, se bem que a imprensa carioca lhe dê um tratamento quan-<br />
titativo duas vezes maior que a imprensa paulista.<br />
Apesar do uso <strong>de</strong> um esquema classificatório das ciências diver-<br />
so daqueles empregados por Magali Izuwa e Wilson Bueno, vale a<br />
pena fazer algumas aproximações comparativas. Magali Izuwa va-<br />
leu-se da classificação do CNPq vigente a partir <strong>de</strong> 1978; tal esque-<br />
ma é basicamente semelhante ao adotado a partir <strong>de</strong> 1984, diferindo<br />
apenas num aspecto: a nova classificação (utilizada nesta pesquisa)<br />
mantém inalterado o conjunto das ciências exatas e da vida, inclu-<br />
sive as tecnologias, mas amplia o segmento das ciências humanas,<br />
dividindo-o em três subconjuntos, como aparece na página anterior.<br />
Os dados <strong>de</strong>sta pesquisa mostram que houve uma alteração no com-<br />
portamento temático da nossa imprensa, com o crescimento do es-<br />
paço humanistico e a redução das tecnologias, principalmente das<br />
ciências agrárias. No estudo <strong>de</strong> Izuwa as ciências humanas ocupa-<br />
vam o espaço maior porém contrabalançado por uma presença sig-<br />
nificativa das engenharias, das ciências da saú<strong>de</strong> e das ciências agrá-<br />
rias. 13 É bem verda<strong>de</strong> que a sua análise engloba também os dois<br />
gran<strong>de</strong>s diários <strong>de</strong> Brasília, o que constitui um fator distorsivo para<br />
efeitos <strong>de</strong> comparação.<br />
Confrontando com os resultados <strong>de</strong> Wilson Bueno, cuja pesqui-<br />
sa <strong>de</strong> 1983 limita-se a São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro, observa-se uma<br />
<strong>de</strong>fasagem consi<strong>de</strong>rável. Predominam ali as Tecnologias, represen-<br />
tando mais <strong>de</strong> dois terços das matérias científicas, figurando as Hu-<br />
manida<strong>de</strong>s numa posição inexpressiva, pois não atingem sequer um<br />
décimo da cobertura. 14 Dois elementos recomendam a relativização<br />
do confronto entre esta pesquisa e a <strong>de</strong> Bueno. É que ele utilizou<br />
uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mensuração diferente — a matéria jornalística ou<br />
a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, dimensionando portanto o volume da co-<br />
bertura e não a sua participação na superfície impressa. Além<br />
disso, ele excluiu da sua análise os suplementos semanais, consi<strong>de</strong>-<br />
rando apenas o espaço noticioso permanente.<br />
Numa outra perspectiva, é necessário dizer que os dados <strong>de</strong>sta<br />
pesquisa <strong><strong>de</strong>mo</strong>nstraram matizes distintos entre a imprensa <strong>de</strong> eli-<br />
te e a popular. Os jornais populares revelam maior interesse cien-<br />
tífico nas duas cida<strong>de</strong>s, pelos temas vinculados ao homem e à vida,<br />
constatando-se nos jornais <strong>de</strong> elite uma maior diversificação entre as<br />
áreas do conhecimento. Tal amplitu<strong>de</strong> temática <strong>de</strong>sse segmento da<br />
imprensa mantém, contudo, o contraste já assinalado entre o Rio<br />
e São Paulo, com o <strong>de</strong>staque das Humanida<strong>de</strong>s na primeira cida<strong>de</strong><br />
e o das Tecnologias na segunda.<br />
Tendências diferentes também se observam na imprensa paulis-<br />
ta e carioca em relação às fontes da informação científica. Em São<br />
Paulo, são as socieda<strong>de</strong>s científicas (38%) que mais abastecem os<br />
jornais diários <strong>de</strong> fatos para a confecção do seu noticiário, enquanto<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>spontam com maior força as instituições go-<br />
vernamentais (22%).<br />
O papel da universida<strong>de</strong> como fonte noticiosa é inexpressivo,<br />
<strong><strong>de</strong>mo</strong>nstrando o seu distanciamento dos canais que informam a opi-<br />
nião pública sobre os acontecimentos científicos e tecnológicos. Mes-<br />
mo assim, a imprensa carioca publica material universitário em vo-<br />
lume três vezes maior que a imprensa paulista.<br />
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