demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
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Foi no início da década <strong>de</strong> oitenta que se passou a <strong>de</strong>bater e<br />
praticar as Relações Públicas sob outra ótica, conferindo-lhes uma<br />
nova dimensão e subordinando-as aos interesses populares e comu-<br />
nitários. Isto se <strong>de</strong>u graças ao avanço que então já havia alcançado<br />
a <strong>comunicação</strong> alternativa, em <strong>de</strong>corrência dos esforços <strong>de</strong> <strong>de</strong>fenso-<br />
res das liberda<strong>de</strong>s <strong><strong>de</strong>mo</strong>cráticas e <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s como a INTERCOM<br />
(Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Estudos Interdisciplinares da Comunicação)<br />
e a UCBC (União Cristã Brasileira <strong>de</strong> Comunicação Social), que pro-<br />
moviam ciclos <strong>de</strong> estudos e congressos com <strong>de</strong>bates voltados, sem-<br />
pre, para uma temática <strong>de</strong> oposição ao governo militar, pondo em<br />
evidência as classes subalternas, os direitos humanos e uma nova<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong> social.<br />
Foi precisamente em 1980 que a UCBC, em seu IX Congresso,<br />
abordou a <strong>comunicação</strong> popular. Na ocasião, tivemos a oportuni-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> painel sobre Relações Públicas a serviço dos<br />
interesses populares, ao lado <strong>de</strong> Anísio Teixeira, representando a clas-<br />
se operária, José Queiroz, professor da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São<br />
Paulo, e Cicilia Peruzzo (que então já preconizava uma nova ma-<br />
neira <strong>de</strong> encarar as Relações Públicas e, posteriormente, em 1981,<br />
apresentaria sua dissertação <strong>de</strong> mestrado sobre "Relações Públicas<br />
no modo <strong>de</strong> produção capitalista", <strong>de</strong>pois transformada em livro,<br />
agora já em segunda edição). 2 Tudo isso contribuiu muito para<br />
uma nova visão <strong>de</strong> Relações Públicas. Na verda<strong>de</strong>, o referido painel<br />
fez germinar uma nova esperança <strong>de</strong> vida para essa área.<br />
À mesma época, com colegas <strong>de</strong> magistério e alunos do último<br />
ano do curso <strong>de</strong> Relações Públicas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Comunicação So-<br />
cial do Instituto Metodista <strong>de</strong> Ensino Superior, em São Bernardo do<br />
Campo, iniciávamos um projeto experimental voltado para a comu-<br />
nida<strong>de</strong>, numa tentativa concreta <strong>de</strong> viabilizar uma nova alternativa<br />
para as Relações Públicas.<br />
Pretendíamos <strong><strong>de</strong>mo</strong>nstrar que as técnicas e a arte <strong>de</strong> Relações<br />
Públicas podiam ser aplicadas também a outras camadas sociais que<br />
não somente as empresariais. Em um artigo intitulado "Relações<br />
Públicas comunitárias: um <strong>de</strong>safio", publicado em 1984, * relatamos<br />
algumas experiências levadas a efeito, nesse sentido, por nós e por<br />
outras escolas.<br />
ALGUMAS PROPOSTAS ALTERNATIVAS<br />
PARA AS RELAÇÕES PUBLICAS<br />
Como já comentamos anteriormente, até há pouco tempo as Re-<br />
lações Públicas eram vistas como uma ativida<strong>de</strong> empresarial ou go-<br />
vernamental. Os currículos das faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Comunicação Social<br />
e mesmo a literatura existente eram mais direcionados nessa linha.<br />
Hoje, as Relações Públicas começam a ser aplicadas também em ou-<br />
tros campos. Quais seriam essas novas alternativas, que estão pro-<br />
piciando gran<strong>de</strong>s perspectivas <strong>de</strong> trabalho para o futuro? Por que<br />
não pensar Relações Públicas na área sindical, nas organizações po-<br />
pulares, nas organizações sem fins lucrativos, nos grupos espontâ-<br />
neos e nos movimentos sociais?<br />
É o que procuraremos expor a seguir, embora reconhecendo as<br />
nossas limitações e a escassez <strong>de</strong> dados sobre o assunto.<br />
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