demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

-se com a maior crise que viveu o Departamento de Comunicação
em toda a sua história.
No começo dos anos 80, o Mestrado em Comunicação da Univer-
sidade Iberoamericana não era mais do que uma caricatura de si
mesmo: o projeto inicial havia-se perdido e junto, com ele, o espa-
ço de discussão que tinha sido sua principal riqueza. Não ficavam
mais do que os esforços de uns poucos professores, um punhado de
alunos e uma série de objetivos, cursos e ações destinados a man-
ter as aparências. Sem nenhum rigor e muito menos idéias claras,
o programa simplesmente vegetava.
Em 1982, o Departamento inicia um período de reestruturação.
Pouco a pouco se forma uma equipe sólida e entusiasmada que re-
vitaliza os programas, a pesquisa e a difusão. Nesse ano se refor-
ma radicalmente a pós-graduação com o objetivo de levantá-la e
consolidá-la. Não se conta praticamente com nada, à exceção da tri-
logia de cátedras mencionadas anteriormente, para o que é necessá-
rio reformular as coisas rapidamente.
O primeiro que se cogita é a necessidade de optar por um ca-
minho. Esquece-se a comunicação organizacional como um fim pa-
ra centrar a pós-graduação nos problemas da comunicação para o
desenvolvimento.
Isto se apresenta, então, como o objetivo geral que deve orientar
o programa, tanto nos cursos como nas atividades de pesquisa e di-
fusão. O novo projeto interessa-se fundamentalmente pelo papel
que corresponde à comunicação de facilitadora das tarefas do de-
senvolvimento. Já não se trata de formar mestres em abstrato ou
de pesquisar anarquicamente, mas de levar adiante uma proposição.
O projeto, que congrega vários dos elementos da proposta ori-
ginal, começa por situar estrategicamente a nova pós-graduação —
chamada "Mestrado em Comunicação e Desenvolvimento" — dentro
do Departamento que lhe dá origem, e que se define como o orga-
nismo universitário que se dedica ao estudo da comunicação me-
diante seu ensino, pesquisa e difusão. Retoma-se assim o espírito
da reforma universitária que se levou a cabo na Iberoamericana en
tre 1968 e 1974, que originou a departamentalização.
O Mestrado passa assim a ser um dos programas que se ofere-
cem como resultado do trabalho departamental, o que faz com que
deixe de ser uma ilha separada da licenciatura. Com a nova pro-
posta, a pós-graduação se vê obrigada a desprender seus objetivos
dos do organismo que lhe dá origem, assegurando, desta maneira,
um mínimo de congruência.
A preocupação em estudar as relações entre a comunicação e
o desenvolvimento para contribuir para a transformação da socie-
dade, de forma que esta seja mais justa e igualitária, se converte em
uma preocupação departamental que guia os programas e as ativi-
dades, e não em uma concessão gratuita para a pós-graduação.
O Mestrado adquire, então, um valor estratégico: a ele corres-
ponde ser o espaço de vanguarda do Departamento; o espaço de pes-
quisa, difusão e docência que levante novos problemas e respostas
na busca da especificidade comunicativa e na construção das neces-
sárias mediações entre a comunicação e os problemas do desenvol-
vimento. Novos problemas e respostas que, por trás de um proces-
so de decantação, influam na licenciatura por uma parte, e no meio
profissional por outra.
Mais que formar pesquisadores, docentes e assessores como na
proposta original, trata-se de fazer pesquisa, docência e difusão con-
122