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demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

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mesma órbita política, inclusive reproduzindo palavras <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m.<br />

Como se vê, fenômeno bastante difícil <strong>de</strong> realizar hoje em dia.<br />

Ou seja verificamos que Cipriano Barata criou, simultaneamen-<br />

te com o surgimento da imprensa no Brasil, uma verda<strong>de</strong>ira escola<br />

<strong>de</strong> jornalismo, que ainda hoje merece ser <strong>de</strong>vidamente estudada e<br />

conhecida.<br />

1. CONCEITO DE LIBERDADE DE IMPRENSA<br />

Cipriano passou mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vida no período colonial,<br />

quando não existia imprensa e sequer tipografias no país, época<br />

em que as bibliotecas particulares eram vistas com <strong>de</strong>sconfiança pela<br />

Coroa Real. Mesmo <strong>de</strong>pois da autonomia, li<strong>de</strong>ranças reconhecida-<br />

mente liberais como José Bonifácio aceitavam (e impunham) obs-<br />

táculos ao livre exercício da ativida<strong>de</strong> jornalística. A atenção <strong>de</strong><br />

Barata com a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa estava, também, <strong>de</strong>ntro das<br />

chamadas preocupações formais do liberalismo. Ou seja, associa-<br />

va tal questão com a normatização <strong>de</strong> fatores jurídicos-constitucio-<br />

nais: "Deve pois ficar assentado, como dogma <strong>de</strong> nossa santa Fé<br />

política, que a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa não <strong>de</strong>ve ser tocada, ou in-<br />

terrompida por censura prévia, ou qualquer embaraço que possa<br />

ser inventado, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> qualquer pretexto que a malícia humana<br />

excogite- e outrossim <strong>de</strong>ve ficar sentado, e <strong>de</strong>cididamente <strong>de</strong>termi-<br />

nado pelo povo, não aceitar Constituição, seja ela qual for, sem con-<br />

ter e encerrar como parte essencial a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa plena<br />

ou quase plena." » Isto ele escreveu como contribuição aos <strong>de</strong>bates<br />

da Constituição <strong>de</strong> 1823.<br />

Em seguida, po<strong><strong>de</strong>mo</strong>s observar que Barata transcendia as preo-<br />

cupações jurídicas, chamando a atenção para a intervenção do Estado<br />

e o cerceamento que os aparelhos repressivos po<strong>de</strong>riam exercer: "A im-<br />

prensa no Rio <strong>de</strong> Janeiro está sufocada e não tem liberda<strong>de</strong> algu-<br />

ma e segundo as notícias ninguém po<strong>de</strong> escrever, porque se nao o<br />

perseguem por escritos, pren<strong>de</strong>m-no pela Polícia, pois ali não ha<br />

segurança <strong>de</strong> pessoa; os Ministros vão pondo tudo como no tempo<br />

antigo". 10 Note-se que esta <strong>de</strong>núncia data <strong>de</strong> um ano após o Grito<br />

do Ipiranga. . ,<br />

E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> englobar os aspectos institucionais e repressivos,<br />

bem como suas influências sobre a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa, ele for-<br />

mulava uma terceira articulação. Isto é, via a liberda<strong>de</strong> das ca-<br />

madas oprimidas como estreitamente ligadas à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> opinião,<br />

como se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r do seguinte trecho: "Toda e qualquer so-<br />

cieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> houver imprensa livre, está em liberda<strong>de</strong>; que esse<br />

Povo vive feliz e <strong>de</strong>ve ter aumento, alegria, segurança e fortuna;<br />

se pelo contrário, aquela Socieda<strong>de</strong> ou Povo, que tiver imprensa cor-<br />

tada pela censura prévia, presa e sem liberda<strong>de</strong>, seja <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> que<br />

pretexto for, é povo escravo, que pouco e pouco há <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sgra-<br />

çado até se reduzir ao mais brutal cativeiro". 11<br />

2. ANTECEDENTES<br />

Como Cipriano Barata apren<strong>de</strong>u jornalismo? óbvio que na épo-<br />

ca não existiam cursos específicos. Ele freqüentou a Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Coimbra, on<strong>de</strong> bacharelou-se em Filosofia e adquiriu licenciatu-<br />

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