demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

3.1. A cobertura
Tomando como base à "vocação" que os meios de comunicação
de massa estão chamados a cumprir na sociedade, pode-se pergun-
tar: Até onde chegam os meios?, que cobertura real possuem os
meios, cada um em separado ou quando combinados?
Do ponto de vista nacional, isto é, no contexto sócio-geográfico,
a que grupos e a que regiões chegam esses meios? Qual a capaci-
dade de recepção da "massa", ou enfim, dos destinatários em geral.
No Brasil, apesar das consideráveis distâncias geográficas, e so-
ciais também, não impedem, de certa forma, que um determinado
meio possa alcançar as regiões mais afastadas entre si, e a Rede
Globo está ali para quem quiser maiores informações. Entretanto, não
é o caso da imprensa, e muito menos, o nosso estudo do caso.
O problema da decodificação não está centrado nas caracterís-
ticas desses meios em si, mas ao fato de como são colocados e com
que fim, pois, a sua linguagem é extremamente urbana, e os marcos
culturais das suas transmissões também, e muitas vezes não são se-
quer das urbes locais (Aos "Ducks Hazar", segue-se uma "Armação
Ilimitada"). Em síntese, todos participam em maior ou menor grau
de uma cópia ou retransmissão indiscriminada de modelos e pa-
drões urbanos (desenvolvimentistas) importados. É bom lembrar
que a CBS International possui negócios em 82 países do mundo,
vendendo programas feitos e prestando "serviços administrativos". 41
O caso do jornalismo impresso (que hoje nos ocupa como exem-
plo) tem um problema maior quanto à cobertura, pois, longe de
chegar até à maioria da população, o analfabetismo pressupõe o
grande obstáculo, evidentemente, falamos de analfabetismo real, não
estatístico, bem como os diversos níveis de compreensão entre os
que supostamente sabem ler.
Esses que supostamente sabem ler nem sequer são todos os
que compram ou se informam através de jornais impressos. Mes-
mo assim, por poucos que sejam esses leitores, são sempre, no mun-
do moderno das mercadorias, fregueses em potencial, pois as pautas
de cobertura não parecem estar destinados a informar, em primei-
ro Instante, mas a vender.
É evidente que esse fato supracitado demonstra uma certa ine-
ficiência essencial nestes sistemas de comunicação de massa en-
quanto a sua responsabilidade para com a população, uma vez que
ganhar dinheiro significa possuir o máximo de leitores, de escutas
ou telespectadores, que se concretize na maior demanda dos bens
e serviços anunciados. Neste sentido, as supostas necessidades de-
senvolvimentistas, de informação, de opinião, e, em geral, de cul-
tura, principalmente entre as populações camponesas, ficam grave-
mente comprometidas, pois os mesmos normalmente não vivem con-
forme os padrões de consumo da cidade, assim como não possuem
o poder de compra suficiente.
3.2. Os conteúdos
Sob a perspectiva colocada no item anterior, o problema dos
conteúdos difundidos pelos meios de comunicação de massa (ordina-
riamente) se compreende melhor, isto é, a de que a pauta da co-
bertura é dada por razões de consumo, influenciando nos conteú-
dos das mensagens. É evidente que o funcionamento destes siste-