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Os Sertões - Euclides da Cunha - Mkmouse.com.br

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Entretanto, lá tinham ido, muitos, alimentando esperanças singulares. "<strong>Os</strong><<strong>br</strong> />

aliciadores <strong>da</strong> seita se ocupam em persuadir o povo de que todo aquele que se<<strong>br</strong> />

quiser salvar precisa vir para Canudos, porque nos outros lugares tudo está<<strong>br</strong> />

contaminado e perdido pela República. Ali, porém, nem é preciso trabalhar, é a<<strong>br</strong> />

terra <strong>da</strong> promissão, onde corre um rio de leite e são de cuscuz de milho as<<strong>br</strong> />

barrancas."<<strong>br</strong> />

Chagavam.<<strong>br</strong> />

Deparavam o Vaza-Barris seco, ou empanzinado, volvendo apenas águas<<strong>br</strong> />

barrentas <strong>da</strong>s enchentes, entre os flancos entorroados <strong>da</strong>s colinas...<<strong>br</strong> />

Tinham esvaeci<strong>da</strong> a miragem feliz; mas não se despeavam no misticismo<<strong>br</strong> />

lamentável. . .<<strong>br</strong> />

As rezas<<strong>br</strong> />

Ao cair <strong>da</strong> tarde, a voz do sino apeli<strong>da</strong>va os fiéis para a oração. Cessavam<<strong>br</strong> />

os trabalhos. O povo adensava-se sob a lata<strong>da</strong> coberta de folhagens.<<strong>br</strong> />

Derramava-se pela praça. Ajoelhava-se.<<strong>br</strong> />

Difundia-se nos ares o coro <strong>da</strong> primiera reza.<<strong>br</strong> />

A noite so<strong>br</strong>evinha, prestes, mal prenuncia<strong>da</strong> pelo crepúsculo sertanejo,<<strong>br</strong> />

fugitivo e <strong>br</strong>eve <strong>com</strong>o o dos desertos.<<strong>br</strong> />

Fulguravam as fogueiras, que era costume acenderem-se a<strong>com</strong>panhando o<<strong>br</strong> />

perímetro do largo. E os seus clarões vacilantes emolduravam a cena meio<<strong>br</strong> />

afoga<strong>da</strong> nas som<strong>br</strong>as.<<strong>br</strong> />

Consoante antiga praxe, ou, melhor, capricho de A. Conselheiro , a<<strong>br</strong> />

multidão repartia-se, separados os sexos, em dois agrupamentos destacados .<<strong>br</strong> />

E em ca<strong>da</strong> um deles s um baralhamento enorme de contrastes...<<strong>br</strong> />

Agrupamentos bizarros<<strong>br</strong> />

Ali estavam, gafa<strong>da</strong>s de pecados velhos, serodiamente penitenciados, as<<strong>br</strong> />

beatas - êmulas <strong>da</strong>s <strong>br</strong>uxas <strong>da</strong>s igrejas - revesti<strong>da</strong>s <strong>da</strong> capona preta lem<strong>br</strong>ando<<strong>br</strong> />

a holandilha fúne<strong>br</strong>e <strong>da</strong> Inquisição: as "solteiras" , termo que nos sertões tem o<<strong>br</strong> />

pior dos significados, desenvoltas e despeja<strong>da</strong>s, "soltas" na gan<strong>da</strong>íce sem<<strong>br</strong> />

freios; as "moças donzelas" ou "moças <strong>da</strong>mas", recata<strong>da</strong>s e tími<strong>da</strong>s; e<<strong>br</strong> />

honestas mães de famílias; nivelando-se pelas mesmas rezas .<<strong>br</strong> />

Faces murchas de velhas - esgrouviados viragos em cuja boca deve ser um<<strong>br</strong> />

pecado mortal a prece; rostos austeros de matronas simples; fisionomias<<strong>br</strong> />

ingênuas de raparigas crédulas, misturavam-se em conjunto estranho.<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des, todos os tipos, to<strong>da</strong>s as cores...<<strong>br</strong> />

Grenhas maltrata<strong>da</strong>s de crioulas retintas; cabelos corredios e duros, de<<strong>br</strong> />

caboclas, trunfas escan<strong>da</strong>losas, de africanas madeixas castanhas e louras de<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ancas legítimas embaralhavam-se, sem uma fita, sem um grampo, sem uma

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