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Os Sertões - Euclides da Cunha - Mkmouse.com.br

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"Sei não !"<<strong>br</strong> />

Perguntaram-lhe por fim <strong>com</strong>o queria morrer.<<strong>br</strong> />

"De tiro !"<<strong>br</strong> />

"Pois há de ser a faca !" contraveio, terrivelmente, o sol<strong>da</strong>do.<<strong>br</strong> />

Assim foi. E; quando o ferro embotado lhe rangia nas cartilagens <strong>da</strong> glote, a<<strong>br</strong> />

primeira on<strong>da</strong> de sangue borbulhou, escamando, à passagem do último grito<<strong>br</strong> />

gargarejando na boca ensangüenta<strong>da</strong>:<<strong>br</strong> />

"Viva o Bom Jesus !. . .<<strong>br</strong> />

Um lance épico<<strong>br</strong> />

Outros tinham delineamentos épicos:<<strong>br</strong> />

No dia 1.° de julho, o filho mais velho de Joaquim Macambira, rapaz de<<strong>br</strong> />

dezoito anos, abeirou-se do ardiloso cabecilha:<<strong>br</strong> />

"Pai ! quero escangalhar a matadeira!"<<strong>br</strong> />

O astuto guerrilheiro, espécie grosseira de Imanus, aco<strong>br</strong>eado e <strong>br</strong>onco,<<strong>br</strong> />

encarou-o impassível :<<strong>br</strong> />

"Consulta o Conselheiro - e vai.''<<strong>br</strong> />

O valente abalou, seguido de onze <strong>com</strong>panheiros dispostos. Transpuseram<<strong>br</strong> />

o Vaza-Barris, cortado em cacimbas. Investiram <strong>com</strong> a larga encosta ondulante<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Favela. Em<strong>br</strong>enharam-se, num deslizar flexuoso de co<strong>br</strong>as, pelas caatingas<<strong>br</strong> />

ralas.<<strong>br</strong> />

Ia em meio o dia. O Sol irradiava a pino so<strong>br</strong>e a terra, jorrando sem fazer<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>as, até ao fundo dos grotões mais fundos, os raios verticais e ardentes...<<strong>br</strong> />

Naquelas paragens o meio-dia e mais silencioso e lúgu<strong>br</strong>e que a meianoite.<<strong>br</strong> />

Transverberando nas rochas expostas, refletindo nas chapa<strong>da</strong>s nuas,<<strong>br</strong> />

repelido pelo solo recrestado e duro, todo o calor emitido para a terra reflui,<<strong>br</strong> />

tresdo<strong>br</strong>ado, para o espaço, nas colunas ascensionais dos ares irrespiráveis e<<strong>br</strong> />

candentes. A natureza que<strong>da</strong>-se, enerva<strong>da</strong> em quietude absoluta. Não sopra a<<strong>br</strong> />

viração mais leve. Não bate uma asa nos ares, cuja transparência junto ao<<strong>br</strong> />

chão se perturba em ondulações rápi<strong>da</strong>s e ferventes. Repousa, estivando, a<<strong>br</strong> />

fauna <strong>da</strong>s caatingas. Pendem, murchos os ramos <strong>da</strong>s árvores estona<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

O exército descansava no alto <strong>da</strong> montanha, abatido pela canícula.<<strong>br</strong> />

Deitados a esmo pelas encostas, bonés caídos so<strong>br</strong>e o rosto para os<<strong>br</strong> />

resguar<strong>da</strong>r, dormitando ou pensando nos lares distantes, as praças<<strong>br</strong> />

aproveitavam alguns momentos de tréguas, refazendo forças para a afanosa<<strong>br</strong> />

lide. Em frente, derramado so<strong>br</strong>e colinas - minúsculas casinhas em desordem,<<strong>br</strong> />

sem ruas e sem praças, acervo incoerente de case<strong>br</strong>es - aparecia Canudos,<<strong>br</strong> />

deserto e mudo, <strong>com</strong>o uma tapera antiga.

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