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Os Sertões - Euclides da Cunha - Mkmouse.com.br

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Assim se fez. E entre os subalternos encarregados de executar a sentença<<strong>br</strong> />

- em plena rua, em pleno dia, diante <strong>da</strong> justiça arma<strong>da</strong> pelos Comblains de<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> a força policial em armas - figurava, mais graduado, o capitão Moreira<<strong>br</strong> />

César, ain<strong>da</strong> moço, à volta dos trinta anos, e tendo já em seus assentamentos,<<strong>br</strong> />

averbados, merecidos elogios por várias <strong>com</strong>issões exemplarmente cumpri<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

E foi o mais afoito, o mais impiedoso, o primeiro talvez no esfaquear pelas<<strong>br</strong> />

costas a vítima, exatamente na ocasião em que ela, num carro, sentado ao<<strong>br</strong> />

lado de autori<strong>da</strong>de superior do próprio Exército, se acolhera ao patrocínio<<strong>br</strong> />

imediato <strong>da</strong>s leis...<<strong>br</strong> />

O crime acarretou-lhe a transferência para Mato Grosso, e dessa Sibéria<<strong>br</strong> />

canicular do nosso Exército tornou somente após a proclamação <strong>da</strong> República.<<strong>br</strong> />

Vimo-lo nessa época.<<strong>br</strong> />

Era ain<strong>da</strong> capitão e embora nunca houvesse arrancado <strong>da</strong> espa<strong>da</strong> em<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>bate, recor<strong>da</strong>va um triunfador. Nos dias ain<strong>da</strong> vacilantes do novo regímen,<<strong>br</strong> />

o governo parecia desejar ter perto de si aquele esteio firme - o homem para as<<strong>br</strong> />

crises perigosas e para as grandes temeri<strong>da</strong>des. A sua figura de menino<<strong>br</strong> />

atravessava os quartéis e as ruas envolta de murmúrio simpático e<<strong>br</strong> />

louvaminheiro, <strong>com</strong>entando-lhe em lisonjarias os lances capitais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

acerca dos quais, entretanto, era de todo mu<strong>da</strong> uma fé de ofício de burocracia<<strong>br</strong> />

inofensivo e tímido, repleta de encômios ao desempenho de missões pacíficas.<<strong>br</strong> />

Por um contraste expressivo, nos documentos <strong>da</strong> profissão guerreira é que<<strong>br</strong> />

estava a placabili<strong>da</strong>de de uma existência acidenta<strong>da</strong>, revolta e turbulenta em<<strong>br</strong> />

que, não raro, relampagueara a faca, ao lado <strong>da</strong> espa<strong>da</strong> inteiramente virgem.<<strong>br</strong> />

Esta saiu-lhe <strong>da</strong> bainha, afinal, nos últimos anos <strong>da</strong> existência. Em 1893, já<<strong>br</strong> />

coronel, porque galgara velozmente três postos em dois anos, ao declarar-se a<<strong>br</strong> />

Revolta <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong> o marechal Floriano Peixoto destacou-o armado de poderes<<strong>br</strong> />

discricionários para Santa Catarina, <strong>com</strong>o uma barreira à conflagração que se<<strong>br</strong> />

reanimara no sul e ameaçava os Estados limítrofes. Seguiu; e em ponto algum<<strong>br</strong> />

do nosso território pesou tão firme e tão estrangulador o guante dos estados de<<strong>br</strong> />

sítios.<<strong>br</strong> />

<strong>Os</strong> fuzilamentos que ali se fizeram, <strong>com</strong> triste aparato de imperdoável<<strong>br</strong> />

mal<strong>da</strong>de, dizem-no de so<strong>br</strong>a. Abalaram tanto a opinião nacional que, ao<<strong>br</strong> />

terminar a revolta, o governo civil, recém-inaugurado, pediu contas de tais<<strong>br</strong> />

sucessos ao principal responsável. A resposta, pelo telégrafo, foi pronta. Um<<strong>br</strong> />

"não", simples, seco, atrevido, cortante, um <strong>da</strong>rdo batendo em cheio a<<strong>br</strong> />

curiosi<strong>da</strong>de imprudente dos poderes constituídos, sem o atavio, sem o rodeio,<<strong>br</strong> />

sem a ressalva <strong>da</strong> explicação mais <strong>br</strong>eve.<<strong>br</strong> />

Meses depois chamaram-no ao Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

Embarca <strong>com</strong> o seu batalhão, o 7.°, num navio mercante; e em pleno mar,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> surpresa dos próprios <strong>com</strong>panheiros prende o <strong>com</strong>an<strong>da</strong>nte. Assaltara-o -<<strong>br</strong> />

sem que para tal houvesse o mínimo pretexto - a suspeita de uma traição, um<<strong>br</strong> />

desvio na rota, adrede disposto para o prender e aos sol<strong>da</strong>dos. O ato seria<<strong>br</strong> />

absolutamente inexplicável se não o caracterizássemos <strong>com</strong>o aspecto<<strong>br</strong> />

particular <strong>da</strong> desorganização psíquica que o vitimava.

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