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Elogio da Loucura - CFH

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com o seguinte apólogo: “Os membros — disse ele — insurgiram-se, uma vez, contra o<br />

estômago, acusando-o de explorar o seu trabalho, sem na<strong>da</strong> fazer para eles. Em segui<strong>da</strong>,<br />

recusaram-se a lhe prestar o habitual auxílio. E logo caíram numa fraqueza mortal,<br />

reconhecendo então o seu erro”.<br />

(45) – Estando o povo ateniense indignado com a avareza dos magistrados, Temístocles<br />

contou que uma raposa pica<strong>da</strong> pelas moscas agradeceu ao ouriço que se ofereceu para coçála,<br />

dizendo-lhe que o remédio seria pior do que o mal.<br />

(46) – Plutarco, na vi<strong>da</strong> de Sertório, conta que esse general enganou os espanhóis<br />

declarando-lhes que Diana lhe dera de presente uma corça muito bonita que lhe revelava<br />

to<strong>da</strong>s as coisas. — O mesmo Sertório, na guerra contra Pompeu, quis mostrar a um bando<br />

de bárbaros que vale mais o engenho do que a força. Mandou vir dois cavalos, um velho e<br />

muito magro, e o outro fogoso; depois, mandou que um homem robusto arrancasse a cau<strong>da</strong><br />

do primeiro, mas o homem, por mais força que empregasse, não o conseguiu. Então,<br />

mandou que um homem fraco arrancasse fio por fio, a cau<strong>da</strong> do cavalo fogoso. E num<br />

instante a ordem foi executa<strong>da</strong>.<br />

(47) – Licurgo, para mostrar aos lacedemônios a força <strong>da</strong> educação, pegou dois cães <strong>da</strong><br />

mesma raça, um muito habituado a caçar e o outro amansado em casa. Em segui<strong>da</strong>, tendo<br />

posto diante de ambos uma panela cheia de comi<strong>da</strong> e deixado em liber<strong>da</strong>de uma lebre, o<br />

primeiro saiu em perseguição <strong>da</strong> lebre e o segundo dirigiu-se para a panela.<br />

(48) – Minos, rei de Creta, a fim de tornar mais venera<strong>da</strong> sua autori<strong>da</strong>de, fez espalhar que,<br />

de nove em nove anos, Júpiter, seu pai, lhe indicava as leis que devia criar para o povo.<br />

Numa, também, inventou que tinha conferências noturnas com a deusa Egéria, que lhe<br />

aconselhava a instituição dos sacrifícios e <strong>da</strong>s leis.<br />

(49) – São máximas de Sócrates: É melhor sofrer uma injúria do que fazê-la; a morte não é<br />

um mal; a filosofia consiste em meditar na morte, etc.<br />

(50) – Surgiu uma voragem no Foro de Roma e, consultado o oráculo, este respondeu que a<br />

mesma só se fecharia se se jogasse dentro dela tudo quanto o povo romano tinha de mais<br />

precioso. Cúrcio precipitou-se, então, no abismo, com suas armas e seu cavalo, certo de que<br />

o povo romano na<strong>da</strong> possuía de mais precioso que as suas armas e a sua bravura.<br />

(51) – Os romanos costumavam divinizar os imperadores defuntos enchendo de palha e de<br />

perfumes uma alta torre, à qual ficava presa uma águia; esta, liberta<strong>da</strong> pelas chamas,<br />

levantava vôo, enquanto um perfume suavíssimo se desprendia do braseiro. O povo<br />

acreditava que se tratasse <strong>da</strong> alma do príncipe subindo aos céus.<br />

(52) – Os Silenos de Alcebíades eram velhos Sátiros. Chamavam-se Silenos porque se<br />

balançavam em torno <strong>da</strong> encomen<strong>da</strong>. Também se chamavam assim os que espremiam as<br />

uvas. Conhecido por esse nome foi o preceptor de Baco. Chamavam-se ain<strong>da</strong> Silenos certas<br />

estátuas ridículas exteriormente, mas que internamente encerravam imagens divinas.<br />

Alcebíades, espirituosamente, comparava Sócrates a essas estátuas, por ser ele deselegante<br />

e grosseiro exteriormene, mas encerrando uma alma divina.

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