soneto

248 VIRIA CIA, TRAGEDIA
Sertoria.
Tu, meu fincero Aras, inda náo fabes
Conduzir os mortaes: Queri os dirige
Pelo fimples caminho da verdade ,
Difficultofamente os traz fujeitos:
As Leis da natureza , e os didames
Da fuprema razáo , Ihes baftaria
Para os trazer conformes; porem julgáo ,
Que as acçóes mais heroicas náo sáo grandes;
Se náo sao reveladas; e os fucceffos
Ainda mais-communs, mas ordinarios,
Só acç6es grandes sáo , fe sáo myfterios:
Imagináo que os homens , recebendo
O efpirito dos Deofes por quern: falláo.,
Nelles os mefinos Dejes fe transformaa p •
Convem muito entreter efta Rainha,
Co' as apparencias vans de altos prodigios,
Por náo ir cegamente exp6r-fe á furia
Das lanças inimigas: Defte modo
He que das almas credulas• triunfa
A vá fuperftiçáo : Os Sacerdotes,
Que de hum ar mageflofo reveftidos
Ves eftender as maos fobre os Altares
Contra innocentes náo cuides
Que sáo 'Dais, que huns hypocritas Miniftros
Da leve fuggeffáo , que o po yo adora:
Nao vls hum deftes co' cabello hirfulto,
Torcendo a boca, revirando os olhos,
Entre defconcertados movimentos
Defatar fonhes, agourar futuros?
Pois náo he rnais que hurn meio extravagante,
Com