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Anais da VI Jornada de Iniciação Científica (JINC) - Embrapa ...

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<strong>JINC</strong> – 6ª Jorna<strong>da</strong> <strong>de</strong> Iniciação Científica <strong>Embrapa</strong>SIPEX – II Seminário <strong>de</strong> Pesquisa e Extensão <strong>da</strong> UnC25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2012 – Concórdia/SCDESAPARECIMENTO POLÍTICO DE LUCINDO COSTA: O SOFRIMENTO DE UMA FAMÍLIANA BUSCA DE INFORMAÇÕES NA DITADURA MILITAR DE 1964Clemente, C.¹*¹Graduado em História pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Contestado, Campus Mafra, acadêmico do curso <strong>de</strong> EducaçãoFísica PARFOR pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Contestado <strong>de</strong> Mafra.. E-mail: Claudinei_clemente@yahoo.com.brPalavras-chave: ditadura militar, perseguição política, repressão; <strong>de</strong>saparecidos políticos.IntroduçãoCom o golpe militar no Brasil ocorrido em 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>1964, o autoritarismo cerceou a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> brasileirosque se opuseram ao golpe e ao regime. Houveperseguições, prisões, exílio e outras atroci<strong>da</strong><strong>de</strong>s queculminaram no <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> várias pessoasconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s pelo regime como inimigos <strong>da</strong> or<strong>de</strong>mpública. Este trabalho <strong>de</strong>stina-se a conhecer a saga <strong>da</strong>família Costa durante o regime militar na busca <strong>de</strong>informações do para<strong>de</strong>iro do patriarca <strong>da</strong> família noperíodo do seu <strong>de</strong>saparecimento.Materiais e MétodosO A pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> usando duas formas <strong>de</strong>fontes, a bibliográfica e a orali<strong>da</strong><strong>de</strong>. As pesquisas oraissão respal<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela Escola <strong>de</strong> annales, sendo que foientrevistado pessoas com informações relevantes doobjeto <strong>de</strong> pesquisa.Referencial TeóricoLucindo Costa foi fichado no DOPS em 1955 (1.). Comidéias socialistas, simpatizante <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> sempre sofriacoerções. Com a instalação do regime militar <strong>de</strong> 64 erasempre vigiado, a família já tinha percebido amovimentação estranha próxima a sua residência. Essamovimentação não restringe a Riomafra (ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Mafrae Rio Negro), mas em todos os locais on<strong>de</strong> residiu: “Em1966 e no primeiro semestre <strong>de</strong> 1967, [Lucindo] estevepreso nas <strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> Mafra - SC, Joinville-SC, PortoUnião- SC e Rio Negro-PR (vi<strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> colegasem Juízo) por acusações <strong>de</strong> práticas comunistas”. (1)A se<strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa on<strong>de</strong> trabalhava ficava em Curitiba efrequentemente dirigia a capital do PR, o <strong>de</strong>slocamentoera realizado por carona, pois trabalhava Posto <strong>de</strong>Classificação <strong>de</strong> Rio Negro, do Ministério <strong>da</strong> Agricultura,as margens <strong>da</strong> BR 116.O <strong>de</strong>saparecimento ocorreu em um dos <strong>de</strong>slocamentosaté Curitiba em 1966. Com o <strong>de</strong>saparecimento donaElizabeth (esposa <strong>de</strong> Lucindo) comunicou a todos osamigos, e na medi<strong>da</strong> do possível ca<strong>da</strong> um ajudou.Devido à situação financeira, a matriarca <strong>da</strong> família foiobriga<strong>da</strong> a buscar uma amenização na situaçãoeconômica, pois, sendo que há três meses não possuíaos proventos <strong>de</strong> seu marido. Saiu para procurar empregoou aju<strong>da</strong> sendo que chegou a uma rua, na segun<strong>da</strong> casaque visitara teve a informação: “meu cunhado ta com osdocumentos <strong>de</strong>le em Curitiba no necrotério, ele é guar<strong>da</strong>no necrotério [...] fui para Curitiba, (2.)Com uma nova hipótese para o <strong>de</strong>saparecimento, asenhora Elizabeth foi averiguar em Curitiba. Ao chegar aonecrotério entrou pela porta dos fundos, mas o vigia queestava com os documentos não trabalhava mais naempresa. Ao perguntar dos documentos soube que seumarido estava morto sendo que: “enterraram ele comoindigente. Ele ficou uns dois meses aqui na gela<strong>de</strong>ira,113mas, não apareceu ninguém, foi enterrado comoindigente” (2.).A família teve a informação que seus documentosestavam na <strong>de</strong>legacia, ao procurá-los: “lá, apenasliberaram o atestado <strong>de</strong> óbito, assinado no dia 15 <strong>de</strong>novembro, com a informação que o mesmo o mesmo era<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Mafra, e que foi enterrado como indigente, eque <strong>de</strong>u entra<strong>da</strong> no necrotério em óbito no dia 26 <strong>de</strong> julho,portanto dois dias após o seu <strong>de</strong>slocamento paraCuritiba.” (1.)A causa <strong>da</strong> morte foi Traumatismo crânio-encefálico,sendo até apurado pela família os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsitoem Curitiba, mas na<strong>da</strong> constataram. Para amenizar osproblemas financeiros, dona Elizabet foi trabalhar namesma empresa que seu marido. Segundo parafraseandoAntonio Dias, a família Costa não sepultou o corpo, massepultou Lucindo Costa no coração.Seu corpo não foi encontrado e pós morte “uma pessoanão i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> foi até sua casa e confiscou todos osseus documentos.Cinco dias após o <strong>de</strong>saparecimento,Lucindo foi <strong>de</strong>mitido do emprego no Posto <strong>de</strong>Classificação <strong>de</strong> Rio Negro, do Ministério <strong>da</strong> Agricultura,por “incompetência <strong>de</strong> conduta e indisciplina”. Em suaficha funcional, no entanto não constava uma únicaadvertência.” (3.)Atualmente Lucindo Costa é reconhecido como<strong>de</strong>saparecido político, sendo que a família Costa continuabuscando informações do para<strong>de</strong>iro do seu pater familiar.ConclusõesA ditadura <strong>de</strong> 64 foi avassaladora com seus adversários,sendo que nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Riomafra tivemos um caso <strong>de</strong><strong>de</strong>saparecimento, um exílio, muitas prisões e muitaspessoas chama<strong>da</strong>s a <strong>da</strong>r esclarecimentos. Inclusive écontroverso o fato <strong>de</strong> um indigente não possuir nome (nocaso <strong>de</strong> Lucindo), mas ser conhecido à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> origem!Outro fator relevante é a <strong>de</strong>mora do reconhecimento nacondição <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecido político <strong>de</strong> Lucindo Costa! Coma abertura ampla dos arquivos referente à ditadura, váriasin<strong>da</strong>gações terão suas respostas.Referências1. COSTA, A. A Ditadura Passou Por Aqui: 1967 Ahistória <strong>de</strong> uma Família Mafrense. Mafra: EditoraNos<strong>de</strong>, 2004.2. COSTA, E, Entrevista grava<strong>da</strong> em 12 <strong>de</strong> jun <strong>de</strong> 2007.Fita K 73. Secretaria Especial dos Direitos Humanos <strong>da</strong>Presidência <strong>da</strong> República. Comição Especial sobreMortos e Desaparecidos políticos. Direito a Memóriae á Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Disponível em:.Acesso em 7 <strong>de</strong> set. <strong>de</strong> 2007.

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