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Volume 3 - Jonas Mekas - Via: Ed. Alápis

Jonas Mekas

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das personagens mais trágicas e contemporâneas do cinema moderno, e<br />

outra contribuição à Mulher como Heroína Moderna em Busca do Amor<br />

(ver Another Sky [Gavin Lambert, 1954]; Os amantes [Les amants, Louis<br />

Malle, 1958]; Hiroshima, meu amor [Hiroshima, Mon Amour, Alain Resnais,<br />

1959]; The Savage Eye [Sidney Meyers, 1960]; etc., etc.).<br />

É estranho como, pouco a pouco, o cinema é capaz de compor uma<br />

personagem. O cinema não é feito apenas de belas composições nem de<br />

histórias bem amarradas; o cinema não está apenas em padrões visuais<br />

nem no jogo de luzes. O cinema também cria personagens humanas.<br />

Estamos sempre procurando pela “arte”, ou por boas histórias,<br />

drama, ideias, conteúdo nos filmes – como estamos acostumados a fazer<br />

nos livros. Por que não esquecer a literatura, o drama e Aristóteles?!<br />

Vamos assistir ao rosto do homem na tela, o rosto de MM, conforme<br />

este muda, reage. Sem drama, sem ideias, apenas um rosto humano em<br />

toda a sua nudez – algo que nenhuma outra arte pode fazer. Vamos assistir<br />

a este rosto, a seus movimentos, a suas nuances; é este rosto, o<br />

rosto de MM, que consiste no conteúdo, na história e na ideia do filme<br />

– que consiste no mundo todo, na verdade.<br />

65<br />

2 de março<br />

Sobre improvisação e espontaneidade<br />

“A pintura – qualquer tipo de pintura, qualquer estilo de pintura – para<br />

ser mesmo pintura, de verdade – é hoje um modo de vida,<br />

um estilo de vida, como se diz.”<br />

WILLEM DE KOONING<br />

Toda vez que menciono Shadows ou Pull My Daisy, posso ouvir<br />

os gemidos das melhores mentes da nova geração: isso não é arte; não<br />

há uma criação consciente aqui; isso é uma confusão espontânea. Maya<br />

Deren (Village Voice, 21 de julho de 1960) resumiu tal atitude para todos:<br />

esta criação espontânea “lembra-me nada mais do que um criminoso<br />

amador em um apartamento desconhecido, retirando todos os<br />

quadros da parede, cortando os colchões, arrancando o papelão detrás

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