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Volume 3 - Jonas Mekas - Via: Ed. Alápis

Jonas Mekas

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7. Oh! Felicidade! Alegria.<br />

Êxtases não têm sentido, não têm propósito, acabam em si mesmos;<br />

e tolos, e insensatos, e não ganham o pão, e não aram os campos:<br />

Vamos atrelar rouxinóis aos arados; vamos pôr as flores para trabalhar!<br />

8. A loucamente sensual Naomi Levine tem um problema interessante.<br />

Ela visitou Porto Rico por diversão, e ver seu estado cativo a<br />

deixou enojada. Ela voltou decidida a fazer uma denúncia pública; pediu<br />

emprestada uma pequena 16 mm, começou. E agora ela está desesperada<br />

porque tudo que filma parece lânguido, adorável, com crianças<br />

nuas, flores, e natureza por toda parte. Ela cria tramas ainda mais perversas,<br />

cheias de assassinatos, e seus espectadores nadam em poesia.<br />

“Houve assassinatos?”, eles perguntam no final. Sabe, essa infeliz mulher<br />

de feições egípcias reage ao horror, mas não consegue expressá-<br />

-lo. Naomi de araque, que tipo de revolucionária é você? Você insiste<br />

para nós que é muito raivosa, nos diz que vai lançar bombas, então vai<br />

e reveste tudo o que toca de amor. Está tentando dificultar o trabalho<br />

de categorizá-la para a New Yorker? Isso é impossível. Querida Naomi,<br />

doce. (Ken Jacobs, numa carta, 1964.)<br />

9. O “compromisso” da direita e da esquerda é mudar o mundo.<br />

Elas têm mudado o mundo desde que ele começou. E elas o deixaram<br />

em boa forma.<br />

O “compromisso” do artista “inútil” é abrir-se para o mundo, abarcar<br />

o mundo; em vez de tentar mudar o mundo, ele se deixa mudar pelo<br />

mundo. De tal forma ele é humilde e maluco a respeito de si mesmo.<br />

10. Soup opera: Morda, morda o doce, Jane. Você sabe que nada mais<br />

importa a não ser o doce, e você, AGORA. Esse jogo que está jogando;<br />

esse filme; esse doce, esse chiclete. Desprezar o doce é desprezar Deus.<br />

11. É o chamado cidadão sério e engajado que endurece as “armaduras”<br />

da humanidade ao desencaminhar o homem com soluções e<br />

mudanças falsas, ao adiar para o homem a percepção do fato de que ele<br />

não conhece as soluções e não pode mudar nada, realmente. Mais do<br />

que isso: que ele não tem de mudar, realmente, nada: que tudo está aí<br />

para ele, toda a beleza que se pode tomar está aí, e sempre esteve aí.<br />

12. Essa felicidade, essa alegria que vemos nesses filmes, é uma<br />

alegria sem desilusão, sem complexos de engajamento sexual e moral.<br />

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