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Volume 3 - Jonas Mekas - Via: Ed. Alápis

Jonas Mekas

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zer, depois de ter visto apenas uma vez, se < > é mais completo<br />

que Wavelength [1967]. Uma coisa é certa, é uma obra maior. O filme<br />

é muito “simples”. Parte de uma sala, incluindo uma parede com<br />

duas janelas e um canto com um quadro negro (é uma sala de aula),<br />

é filmada de um só ângulo, com um tripé fixo. A câmera vai e vem<br />

mecanicamente da esquerda para a direita, em panorâmica horizontal,<br />

sem jamais ultrapassar os limites fixados, cobrindo sempre o mesmo<br />

campo visual. O filme dura 45 minutos e possui uma estrutura de<br />

panorâmicas horizontais. Algumas ações acontecem na sala durante<br />

a panorâmica – às vezes são pessoas que passam, há mesmo uma espécie<br />

de festa, uma aula com os estudantes, etc. Mas eles vão e vem e a<br />

panorâmica horizontal (que no último quarto se torna vertical) continua.<br />

O filme continua numa velocidade crescente até tornar-se quase<br />

um borrão. Paredes, ângulos, perspectivas se fundem transformando-<br />

-se em superfícies planas, bidimensionais e relativas. Restam apenas<br />

energia, luz e movimento.<br />

Eu não tenho nem lugar nem como falar sobre esse filme. Mas<br />

sinto que ele é cheio de todos os tipos de ideias e implicações que<br />

concernem ao assunto, ao conteúdo e à forma do cinema. Estou às<br />

voltas com um aspecto particular em minha cabeça. Ambas as costas,<br />

Leste e Oeste, parecem estar preocupadas com o movimento e a luz.<br />

Enquanto a Costa Oeste (Sears, Bartlett, Conner, De Witt, etc.) está<br />

prioritariamente interessada na imagem eletrônica, no vídeo, que, no<br />

meu ponto de vista, tende a desmaterializar toda a realidade (para o<br />

melhor e para o pior), na Leste, nas obras dos artistas que mencionei<br />

no início do texto, a realidade parece ser transformada em um outro<br />

tipo de realidade, em um campo de energia, de energia estética. Não é<br />

decorativo, não é simplesmente uma questão de mensagem. Assistir à<br />

Waiting [1968] de Ernie Gehr ou < > de Snow é uma experiência<br />

(ou uma atividade) cinestésica , física e mental muito mais intensa<br />

que assistir aos filmes de Scott Bartlett ou Lauren Sears. Ainda não<br />

posso apontar as razões e as diferenças exatas – e, talvez, este artigo<br />

inteiro seja apenas uma heresia inútil –, mas essencialmente, deve ser<br />

em decorrência das diferenças entre as duas “mídias”. Enquanto Sears<br />

e etc. estão trabalhando com a tecnologia da TV, Snow e etc. estão tra-

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