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Volume 3 - Jonas Mekas - Via: Ed. Alápis

Jonas Mekas

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nova autonomia nas imagens extáticas. Uma concentração incomum de<br />

passagens datadas – quatro datas quase em sequência em pouco mais<br />

de três minutos – recupera uma ilusão de continuidade que culmina<br />

no nascimento de Sebastian, que chegará para dominar uma passagem<br />

central do capítulo. A sequência de legendas alinha o nascimento de Sebastian<br />

ao trigésimo aniversário de chegada do peregrino lituano aos<br />

Estados Unidos. A identificação projetiva de pai e filho é intensa nessa<br />

passagem. Duas cenas mostram Sebastian quando criança apontando<br />

para além do enquadramento, indicando fenômenos a ele interessantes,<br />

como se estivesse dirigindo seu pai como cameraman. Outra o superpõe<br />

contra a janela de um trem em movimento como se estivéssemos<br />

vendo a paisagem através de seus olhos. De maneira mais dramática,<br />

<strong>Mekas</strong> corta de um concentrado olhar do bebê para cenas de um circo,<br />

assim construindo uma troca de cena-contracena em que seu filho repete<br />

uma experiência central ao empreendimento estético de <strong>Mekas</strong>. O<br />

Notes on the Circus (1966), de 12 minutos, foi o mais ambicioso de seus<br />

primeiros filmes líricos e uma passagem central em Walden.<br />

O penúltimo capítulo dirige a palavra diretamente a Oona, Sebastian<br />

e Hollis:<br />

Enquanto estou sentado em meu quarto, tarde da noite, olhando<br />

para algumas das imagens ao fazer a montagem, juntando-as, eu<br />

me pergunto, me pergunto quanto de vocês mesmos vocês verão<br />

e reconhecerão nestas imagens... Estas são as minhas lembranças.<br />

Suas lembranças dos mesmos momentos, se as tiverem, serão<br />

muito diferentes... Acho que estava filmando minhas próprias<br />

lembranças, minha própria infância, enquanto filmava as suas<br />

infâncias... São vocês, são vocês em cada quadro deste filme, apesar<br />

de serem vistos por mim. Mas são vocês... estou aqui sozinho,<br />

olhando para essas imagens, fragmentos da minha vida e das suas,<br />

falando neste microfone, sozinho, sozinho.<br />

A dialética fundamental do filme é um ciclo frequentemente repetido<br />

de isolamento, acaso, e compensação. Outra das muitas maneiras<br />

de analisar essa inter-relação seria chamar os elementos dessa dinâmica

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