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Volume 3 - Jonas Mekas - Via: Ed. Alápis

Jonas Mekas

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A seção de abertura de abertura (Figuras 2-17) estabelece o centro<br />

temático que será desenvolvido pelo filme. Manhattan, onde <strong>Mekas</strong> viveu<br />

profundamente e que, como para Thoreau, sugou até esgotar “todo<br />

o tutano da vida”, foi descoberta como Walden; para ele este é o lugar<br />

onde arte, amigos e natureza coincidem. O filme anuncia aquilo que vai<br />

emergir como sua reflexividade integral, sua documentação das amizades<br />

e outros aspectos do cinema independente que o legitimam e lhe<br />

fornecem o contexto no qual ele adquire significado. Os eventos da vida<br />

cotidiana são a construção das instituições do cinema independente;<br />

seus amigos são os agentes deste cinema; e, ao redor, tudo é belo. Como<br />

Thoreau, ele pode ter se sentido “confinado” em Manhattan, mas por<br />

toda parte a cidade ganha vida com as flores, as árvores, o pôr do sol e<br />

outras formas da natureza. Na neve, <strong>Mekas</strong> encontra o elemento que<br />

lhe permite ver Nova York como a Lituânia, onde a figura de Bibbe Hansen,<br />

loira e de pernas nuas arrancando folhas da grama do parque no<br />

último plano da sequência, é a própria imagem da camponesa lituana.<br />

Depois desta composição inicial, o filme começa seu principal<br />

desenvolvimento. Os eventos de 1964-68 são, seguindo o modelo de<br />

Thoreau, condensados muito grosseiramente num ano prolongado de<br />

três fases, cada uma ocupando dois rolos: uma primavera que é seguida<br />

até o outono; um inverno; e outro outono. Na primeira, após a sequência<br />

de abertura, o primeiro dos casamentos que pontuam cada uma das<br />

três seções é mostrado, proporcionando uma ocasião para a narração<br />

que compara a produção de home movies com a vida. Seguem-se visitas<br />

de outros cineastas, artistas e intelectuais: Jerome Hill, P. Adams Sitney,<br />

a família Stone, Tim Leary, Gregory Markopoulos, Allen Ginsberg e<br />

hippies da religião hare krishna. A segunda parte começa em meados do<br />

inverno com mais cenas de cineastas nova-iorquinos, um flashback de<br />

sete anos antes mostrando manifestações pela paz, atividades da Film<br />

Culture e da Cooperativa, caminhadas de inverno pelo interior, cenas de<br />

rua e festas de Natal, e uma viagem de trem com longa visita à família<br />

Brakhage em sua casa nas montanhas cobertas pela neve.<br />

Os Brakhage e seus filmes de família estão no centro do filme, e<br />

também do seu sistema ético; ao ser recebido no lar deles e ao partilhar<br />

de sua produção caseira e participativa de filmes, <strong>Mekas</strong> é iniciado na<br />

201

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