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Volume 3 - Jonas Mekas - Via: Ed. Alápis

Jonas Mekas

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esperança de um cinema narrativo reformado e moldado a partir das<br />

novas ondas europeias, o trabalho de filmagem amador adquiriu para<br />

ele um novo status. 17 Os tipos de infrações associados a isto passaram a<br />

ser reconhecidos como um vocabulário plenamente articulado com implicações<br />

éticas intrínsecas: vislumbres da vida cotidiana se tornaram<br />

mais importantes do que ficções de narrativa abrangente; uma imagem<br />

“lírica” fragmentária, insubstancial e imperfeita era preferida em lugar<br />

de uma imagem realista, completa e consciente da própria presença; e o<br />

equipamento rudimentar de 16 ou 8 mm passou a ser mais valorizado<br />

do que o aparato de estúdio. Associando estéticas a aspirações políticas<br />

vulgares, <strong>Mekas</strong> pôde vislumbrar uma grande revolução cultural proletária<br />

no filme e por meio deste. Um exemplo de 1964:<br />

Todos os prazeres se tornaram perversos, na fronteira da autodestruição.<br />

As palavras “amador” (de “amor”) e “caseiro” são usadas<br />

para descrever algo ruim.<br />

Mas eu poderia afirmar que algumas das mais belas poesias cinematográficas<br />

serão reveladas algum dia no material de 8 mm dos<br />

filmes caseiros – poesia simples, com crianças no gramado e bebês<br />

nas mãos de suas mães, e com todo aquele constrangimento e<br />

brincadeira diante da câmera. (1972, p. 131)<br />

A câmera agora registra relances, fragmentos de objetos e pessoas,<br />

e cria impressões fugazes, tanto dos objetos quanto das ações, à<br />

maneira dos pintores de ação. Uma nova realidade espiritualizada<br />

do movimento e da luz é criada na tela. (Ibid., p. 191) 18<br />

179<br />

17 A etimologia do termo “amador” feita por Maya Deren, que encontra sua origem no termo<br />

latino para “amante” (evocado com regularidade por Brakhage) permitiu a ela que apontasse para a<br />

versatilidade superior do equipamento rudimentar e sua maior capacidade de resposta ao “complexo<br />

sistema de suportes, juntas, músculos e nervos que chamamos de corpo humano” (1965, p. 46).<br />

18 Para mais exemplos, ver especialmente as colunas “Movie Journal” de 11 de maio de 1960,<br />

4 de outubro de 1962, 25 de outubro de 1962, 18 de abril de 1963, 9 de abril de 1964, 23 de abril<br />

de 1964, 14 de maio de 1964, 17 de dezembro de 1964, 24 de junho de 1965, 22 de julho de<br />

1965, 7 de dezembro de 1967 e 17 de julho de 1969. Nesta época Walden já tinha sido exibido, e o<br />

filme-diário como gênero já fora plenamente conceitualizado; substituindo o home movie como modelo<br />

da práxis adequada, este passou a ser subsequentemente evocado nos seus próprios termos, até em<br />

consideração por outros cineastas de filmes-diário como, por exemplo, Andrew Noren (15 de janeiro de<br />

1970. [Ver pp. 58, 76, 78, 92, 122 dessa publicação].

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