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Untitled - Grumo

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[1 0 9<br />

D o s s i e r<br />

"Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de<br />

todos os coletivismos"- e, portanto, "A catedral da desordem", embora faça<br />

uma homenagem a Oswald, também se afasta dessa ordem – unificadora -<br />

estabelecida pelo modernismo. Continuando a retórica do "Manifesto<br />

Antropófago", com uma extensa enumeração de prós e contras, "A catedral<br />

da desordem" se manifesta "contra os arcanjos pelos querubins homossexu-<br />

ais, contra os professores pelos pajés, contra a religião pelo sexo, contra tudo<br />

por Latréamont". A orgia homoerótica pública é a utopia de liberdade, "tri-<br />

bos de garotos nas selvas, tambores chamando para a Or g i a " . 2 0 O<br />

"Manifesto utópico...." propõe uma destruição da civilização a partir da<br />

transformação das escolas em saunas e da realização de grandes orgias para<br />

adolescentes, além de fomentar o pornosamba e a Bossa Nova Metafísica.<br />

Aliás, exige a "Distribuição de manuais entre sexólogas(os) explicando por<br />

que o coito anal derruba o Kapital".<br />

A relação do modernismo com o "outro" supõe uma consideração do prim-<br />

itivo como agente privilegiado ao acesso a uma psique primária. A retoma-<br />

da pós-modernista do "outro" de Foucault, Deleuze e Guattari idealiza o<br />

"outro" cultural, como se este possuísse um acesso privilegiado à verdade.<br />

Segundo Hal Foster, isto seria um "hegelianismo do outro": " a idealização<br />

do outro tende a seguir uma linha temporal na qual um grupo é privilegiado<br />

como novo sujeito da história, somente para ser sustituído por outro". 21 No<br />

entanto, diferente com estas atitudes modernista e pós-modernista, baseadas<br />

no psicanálise e na antropologia, Glauco e Roberto Piva se assumem eles<br />

mesmos como um outro e, por tanto, não haveria idelização, mas uma pos-<br />

tura existencial.<br />

Geralmente as manifestações literárias de minorias (sexuais, racias, religiosas,<br />

étnicas) são percebidas como se a priori possuíssem uma força de combate<br />

político, como forma de redefinir práticas políticas marcadas pelo cotidiano,<br />

e por uma ética de um sujeito plural. Entretanto, estou tentando demonstrar<br />

- a partir dos exemplos de Roberto e de Glauco - que o rótulo de "escritor<br />

gay" parece não ser suficiente enquanto categoria crítica, se não levarmos em

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