13.12.2012 Views

Untitled - Grumo

Untitled - Grumo

Untitled - Grumo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

[1 8 3<br />

Assim Leminski batizara aquela que fora considerada sua obra-prima, que<br />

antes iria se chamar Zagadka: "enigma", em russo-polonês. E o poeta confir-<br />

mou o novo título em uma carta enviada a Augusto de Campos, que Toninho<br />

reproduz no seu livro:<br />

O nome da obra vai ser (quase certo) CATATAU. Estou morando no Rio, no<br />

Solar da Fossa, onde morou Caetano. ‘Mandei plantar folhas de sonho no<br />

jardim do solar’. Caetano plantou, Leminski colhe.(...) (p.110)<br />

Sobre o período em que Leminski morou no Rio, é interessante a passagem<br />

da sua visita à redação do tablóide carioca PASQUIM, na época editado por<br />

Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Henfil, entre outros (o grupo fundador<br />

daquele semanário era bastante democrático). Ele passou, então, a frequen-<br />

tar o bar onde os editores daquele jornal se reuniam para fechar a pré-pauta.<br />

O PASQUIM era rascunhado nas mesas dos bares, onde Tarso de Castro,<br />

Jaguar, Paulo Francis, Fortuna, Ziraldo, entre outros, discutiam as matérias e<br />

os lay-outs do jornal. O único que, de início, não palpitava era o cartunista<br />

Henfil, que esperava a conversa terminar para dar o apito final, dizendo que<br />

"isso ainda não estava bom", que "aquilo precisava melhorar", etc. O seu<br />

papel nessas conversas era o de, através de críticas, estimular a criatividade do<br />

grupo. Eles fechavam a pré-pauta quando a conta chegava à mesa (Dênis de<br />

Moraes, 1999).<br />

Através de Luiz Carlos Maciel, um dos articulistas do jornal, Leminski pub-<br />

licou no PASQUIM o seu "Indicionário", com as gírias da época enumeradas<br />

num glossário linguístico. Na biografia de Leminski, Luiz Carlos Maciel tem<br />

C r í t i c a s<br />

retratada sua fama de guru da imprensa nacional devido à sua coluna, intit-<br />

ulada "Underground", no PASQUIM. Mas não há referências da partici-<br />

pação de Maciel na equipe editorial da revista ROLLING STONE, publica-<br />

da no Brasil durante um ano, a partir de fevereiro de 72 (Carlos Calado,<br />

1995), cerca de dois anos depois do período em que Leminski viveu no Rio<br />

de Janeiro.<br />

Há também contradições no livro de Toninho Vaz. Um texto escrito pelo car-<br />

tunista Jaguar, publicado no seu PASQUIM quando da morte de Leminski,<br />

no final da década de 80, e reproduzido na sua biografia, evidencia esse<br />

deslize:<br />

Você é um babaca, Jaguar", eu disse pro espelho logo depois que li no jornal<br />

a notícia da morte de Leminski. "Um tremendo babaca." Leminski foi um<br />

dos quatro porra-loucas de gênio que conheci (...). Quando Leminski man-<br />

dou pro PASQUIM aquele seu romance-tijolo, CATATAU, me irritou.<br />

Achei pernóstico, pretensioso, provinciano, metido à besta. Os artigos que<br />

nos mandou também, botei na gaveta. (...) No PASQUIM, que é bom, não<br />

teve Leminski. Culpa minha. Perdão, leitores.<br />

E o "Indicionário" publicado, segundo Toninho Vaz, no PASQUIM, no<br />

começo da década de 70? Contradições acontecem...<br />

Os detalhes de histórias envolvendo diversos artistas e intelectuais brasileiros,<br />

que conviveram com Leminski, são retratados na sua biografia. Ao descrev-<br />

er, por exemplo, o primeiro encontro de Paulo Leminski com Caetano<br />

Veloso, no final de 74, o biógrafo detalha, take a take, além do dia e hora –

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!