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Untitled - Grumo

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[1 2 7<br />

energia vital que transcende a materialidade. Apesar das religiões clássicas,<br />

como o cristianismo, o judaísmo, abominarem a carnalidade, penso que está<br />

na libido a ponte entre o animal que nós somos e o espiritual que nós quer-<br />

emos ser.<br />

Isso é estranho na tua personalidade, na tua obra. Você acabou<br />

de falar que é um racionalista, que poema é uma coisa cerebral.<br />

Glauco — É por isso que estou dizendo que sou um paradoxo.<br />

Estou trabalhando sempre com coisas muito antagônicas — há sempre uma<br />

camisa de força e o desejo de me libertar.<br />

Mas que sinais você tem desse misticismo?<br />

Glauco — Tenho pesadelos diários. Esses pesadelos coincidem<br />

com períodos de insônia. Sonho com a visão e com a cegueira. Sonho col-<br />

orido e lembro que estou cego. Então acordo assustado e entro num estado<br />

masturbatório, até para poder relaxar. No auge desse processo masturbatório,<br />

dentro desse contexto de pesadelo e de insônia, no momento em que estou<br />

com energias muito fortes sendo processadas, consigo trabalhar mentalmente<br />

o desejo de que algumas coisas aconteçam. E elas vão se concretizando.<br />

Caramba!!! O que, por exemplo?<br />

Glauco — Uma série de realizações pessoais. E uma espécie de<br />

telepatia, de influência no comportamento de outras pessoas. É uma forma<br />

meio mística de trabalhar. Isso não tem limite. Posso pesquisar empirica-<br />

mente até o infinito. E também não tem regra. A religião é sempre regra, mas<br />

eu fujo de qualquer dogmatismo religioso. Sou um solitário. Uma espécie de<br />

franco-atirador nessa questão. Agora que estou cego, tenho muito tempo<br />

para progredir nesse campo. Tenho umas décadas ainda para experimentar.<br />

E a criação artística, como ficou após a cegueira?<br />

Glauco — Lógico que se puder continuar fazendo alguma coisa do<br />

que eu fazia, vou fazer. Alguma poesia que possa memorizar e ditar para as<br />

pessoas, como os haikais.<br />

E você tem feito?<br />

Glauco — De vez em quando. Algumas letras de música, alguns haikais.<br />

D o s s i e r<br />

Mas você tem interesse, ainda é um impulso forte?<br />

Glauco — Não é uma coisa que seja uma necessidade como a<br />

fome, o sono ou o sexo.<br />

*Ademir Assunção es poeta y editor. Entre sus libros se pueden mencionar<br />

Zonabranca. Actualmente edita la revista Coyote

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