Untitled - Grumo
Untitled - Grumo
Untitled - Grumo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
grumo / número 01 / marzo 2003<br />
Sonetario grumósico - Glauco Mattoso<br />
SONETO 286 ARGENTINO<br />
Durante a ditadura de Videla,<br />
patota seqüestrava o cidadão,<br />
mantido, clandestino, num porão.<br />
Ali, menina virgem é cadela.<br />
"Picana" ou felação? A escolha é dela.<br />
Pudica, escolhe o choque, mas em vão:<br />
seu corpo não resiste a uma sessão.<br />
Acaba suplicando o pau na goela.<br />
Quando ela chupa, ri o torturador<br />
e xinga a moça até de "pelotuda"<br />
porque prefere a pica em vez da dor.<br />
A porra jorra sobre a voz miúda<br />
da pobre adolescente, cuja cor<br />
parece inda mais branca, assim desnuda.<br />
SONETO 288 ARGENTINO #2<br />
Alguém pensou que a tímida mocinha<br />
manteve a virgindade? Nada disso!<br />
Depois de ser currada por mestiço<br />
(o "cabecita negra"), ela é galinha.<br />
Escrava da patota, a loira "niña"<br />
se presta a todo tipo de serviço:<br />
entrega a xota e o cu, chupa o lingüiço,<br />
engraxa a bota e trampa na cozinha.<br />
Um dia, outra menina cai na cela<br />
e vira carne nova no pedaço.<br />
A loira já não serve de cadela.<br />
Na nuca leva um único "balazo".<br />
Assim a ditadura de Videla<br />
quebrou, de cabo a rabo, outro cabaço.<br />
D o s s i e r<br />
1 2 8]