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Mário Corso e Diana Lichtenstein Corso<br />
restringir-se a esperar, transportar, alimentar e banhar crianças, viver ao nível da<br />
vida delas, transitando entre a escola e a natação, cuidando de uma casa fácil,<br />
previsível e repetitiva, quando já há a possibilidade de participar da ciência, dos<br />
negócios, da arte e do poder? O movimento feminista já militava, mesmo que de<br />
forma incipiente, há quase dois séculos; mulheres exemplares mostravam a<br />
viabilidade de outros modos de vida e até suas mães viveram suas aventuras.<br />
A personagem de Polansky não era muito diferente das mulheres acima<br />
descritas; ela também desejava ardentemente constituir família, ser uma boa<br />
mãe. Nela fica demarcada a diferença sutil que se coloca entre as mães passivas<br />
dos séculos anteriores e essas donas de casa por opção, da década de 50:<br />
foram elas que quiseram conceber. A tristeza das contemporâneas de Friedan<br />
tinha como subtexto a questão: “Se fui eu que quis tudo isto, por que estou<br />
infeliz?” Acima de qualquer determinação social está a particular decisão dessas<br />
mulheres de conceber e gestar um filho muito desejado. No filme, mesmo<br />
tratando-se de uma mulher submissa e nada identificada com seus contemporâneos<br />
hippies, há um toque de irreverência, um lampejo de feminismo, pois é<br />
sua vontade que determina a concepção. O castigo foi severo para quem quis<br />
tão pouco...<br />
O parto monstruoso – Alien<br />
No espaço ninguém vai ouvir você gritar 8 .<br />
Bastante populares através de seqüências que se sucederam por duas<br />
décadas, os filmes da série Alien podem também ser pensados a partir dessa<br />
vertente das fantasias monstruosas ligadas à maternidade e ao nascimento de<br />
um filho monstruoso. Por mais que pareçam totalmente alheios ao tema aqui<br />
tratado, por serem filmes de horror ambientados num contexto de ficção científica,<br />
com alienígenas asquerosos, lutas, tiros e naves espaciais, é inegável que<br />
o mote de horror principal da trama, em todos os episódios da saga, é a particular<br />
forma de reprodução do monstro, que inclui corpos humanos em seu processo.<br />
O primeiro filme, Alien: o oitavo passageiro, de 1979, é um suspense<br />
elegante, próprio de seu diretor, Ridley Scott. Trabalhando em conjunto com H.<br />
8 Chamada do cartaz do primeiro filme da série.