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Revista n.° 34 - APPOA

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76<br />

Mário Corso e Diana Lichtenstein Corso<br />

restringir-se a esperar, transportar, alimentar e banhar crianças, viver ao nível da<br />

vida delas, transitando entre a escola e a natação, cuidando de uma casa fácil,<br />

previsível e repetitiva, quando já há a possibilidade de participar da ciência, dos<br />

negócios, da arte e do poder? O movimento feminista já militava, mesmo que de<br />

forma incipiente, há quase dois séculos; mulheres exemplares mostravam a<br />

viabilidade de outros modos de vida e até suas mães viveram suas aventuras.<br />

A personagem de Polansky não era muito diferente das mulheres acima<br />

descritas; ela também desejava ardentemente constituir família, ser uma boa<br />

mãe. Nela fica demarcada a diferença sutil que se coloca entre as mães passivas<br />

dos séculos anteriores e essas donas de casa por opção, da década de 50:<br />

foram elas que quiseram conceber. A tristeza das contemporâneas de Friedan<br />

tinha como subtexto a questão: “Se fui eu que quis tudo isto, por que estou<br />

infeliz?” Acima de qualquer determinação social está a particular decisão dessas<br />

mulheres de conceber e gestar um filho muito desejado. No filme, mesmo<br />

tratando-se de uma mulher submissa e nada identificada com seus contemporâneos<br />

hippies, há um toque de irreverência, um lampejo de feminismo, pois é<br />

sua vontade que determina a concepção. O castigo foi severo para quem quis<br />

tão pouco...<br />

O parto monstruoso – Alien<br />

No espaço ninguém vai ouvir você gritar 8 .<br />

Bastante populares através de seqüências que se sucederam por duas<br />

décadas, os filmes da série Alien podem também ser pensados a partir dessa<br />

vertente das fantasias monstruosas ligadas à maternidade e ao nascimento de<br />

um filho monstruoso. Por mais que pareçam totalmente alheios ao tema aqui<br />

tratado, por serem filmes de horror ambientados num contexto de ficção científica,<br />

com alienígenas asquerosos, lutas, tiros e naves espaciais, é inegável que<br />

o mote de horror principal da trama, em todos os episódios da saga, é a particular<br />

forma de reprodução do monstro, que inclui corpos humanos em seu processo.<br />

O primeiro filme, Alien: o oitavo passageiro, de 1979, é um suspense<br />

elegante, próprio de seu diretor, Ridley Scott. Trabalhando em conjunto com H.<br />

8 Chamada do cartaz do primeiro filme da série.

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