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Um monstro no ninho<br />
criança. Agora a maternidade das duas oponentes, a mãe monstruosa e a humana,<br />
é explícita, elas precisam destruir uma à outra, para salvar suas respectivas<br />
crias.<br />
Dentro desse estilo, de explicitar tudo, há um diálogo entre a menina e<br />
Ripley, no qual, ao ver “nascer” um Alien, a criança pergunta se não é assim que<br />
ocorrem os partos humanos. Na prática é diferente, na fantasia, provavelmente<br />
nem tanto! Em termos de fantasias, o parto evoca um certo temor, associado à<br />
defloração, a qual rompe o hímen para a entrada do pênis. Nesse caso, às<br />
avessas, irrompe do corpo esse bebê, rasgando desta vez para sair.<br />
Um bebê humano, ao nidificar, partilha a corrente sangüínea materna de<br />
forma parasitária, cria um órgão temporário, a placenta, que se incumbirá de<br />
administrar essa sociedade, e modifica todo o funcionamento e estrutura daquele<br />
corpo que ficará à mercê de suas determinações, enfraquecido para outros<br />
fins. Ao nascer, dilatará e contrairá a mãe, conforme as imposições do trabalho<br />
de parto; levará consigo a placenta, acarretando a perda de um órgão, e deixará<br />
o ventre flácido, muito mais vazio do que antes da gestação. As cicatrizes de<br />
sua passagem lembrarão que um ser humano vem de dentro de outro, por mais<br />
difícil que seja acreditar nisso. Dessas evocações carnais da gestação, do parto<br />
e da amamentação temos alguma repulsa, se não as conseguirmos revestir de<br />
algum romantismo, inserir em alguma compreensão, quer seja uma narrativa<br />
pessoal, literária ou científica. De qualquer maneira, o hábito de conviver com os<br />
fatos da reprodução humana, na vida privada, ou por profissão, retira-nos a capacidade<br />
de espanto.<br />
O mesmo ocorre com o sexo, que pode parecer bem insuportável se for<br />
visto como coisa em si: um ser humano coloca seu órgão no orifício do outro,<br />
insere sua língua na boca alheia ou a passa sobre sua pele. Ao ser imaginado<br />
ou observado pelas crianças, o sexo suscita uma série de fantasias estranhas,<br />
muitas delas fruto da sua imaturidade e inexperiência. Porém, mesmo depois<br />
de crescidos, não gostamos de pensar no sexo de nossos pais, nem na intimidade<br />
que tivemos com o corpo da nossa mãe.<br />
Assim como fazemos com o paladar, ritualizando e enriquecendo o ato<br />
da alimentação, o erotismo reveste a realidade puramente física do sexo de<br />
significados que o tornam transcendente e que representam relações de afeto,<br />
poder e construção de identidade sexual. A maternidade, da mesma forma, precisa<br />
ser inserida num contexto de significados subjetivos para que possa ser<br />
suportada pela futura mãe.<br />
Colocados de forma crua, a gestação e o parto poderão suscitar fantasias<br />
como as de Alien, em que a mãe é uma poedeira, e o feto, um parasita<br />
destruidor. Uma gestação desejada ou inserida em algum tipo de expectativa<br />
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