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Flor de Sangue - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Olhe lá, tia Felisberta, que as damas sejam <strong>de</strong> fora...sabe?...<br />

— Sossegue, doutor Oliva; o senhor é o freguês a quem sirvo com mais<br />

cuidado e boa vonta<strong>de</strong>. Não é? — E <strong>de</strong>itou-lhe um olhar carregado <strong>de</strong> volúpia.<br />

— Tem um rabicho-onça por mim esta sapaentanha — segredou Oliva ao<br />

ouvido do amigo.<br />

— Acompanhe-me — disse a mulher, tomando <strong>de</strong> um prego um molho <strong>de</strong><br />

chaves.<br />

Levou-os por um corredor sombrio, cheirando a mofo e urina, até uma porta<br />

que abriu, e on<strong>de</strong> introduziu os dois moços.<br />

Aceso o gás, viu-se um quarto espaçoso com uma cama larga, feita, e uma<br />

mesa redonda ao centro.<br />

— Este é um dos quartos; o outro é aqui ao lado e comunica com este por<br />

aquela portinha.<br />

— Eu conheço a topografia, tia Mercurina; — disse Oliva. — Mas diga-me:<br />

que donzelas nos vai servir?<br />

— Olhe, seu doutor, como eu, além <strong>de</strong> ter todo o gosto em servir ao senhor,<br />

<strong>de</strong>sejo obter a proteção do seu companheiro, vou buscar, eu mesma, as duas jóias<br />

melhores do meu cofre: para o senhor a sua predileta, a chinoca, e para o seu amigo<br />

uma rapariga que saiu ontem mesmo da companhia do marido, que a espancava:<br />

tem 17 anos e só esteve com o marido 11 meses É uma tetéia. Eu estava<br />

guardando-a para o comendador, sabe? Mas não importa; tenho muito gosto em<br />

cedê-la ao seu amigo.<br />

— Muito bem, protetora dos famintos <strong>de</strong> toda espécie, vá lá buscar-nos<br />

essas houris... que se ingurgite, o que tiver <strong>de</strong> melhor. Olhe, diga-me cá, a lambe-me<br />

tudo está trabalhando? e esboçou sobre a mesa, com o <strong>de</strong>do indicador, um gesto <strong>de</strong><br />

rotação.<br />

— Sim, senhor; e é o Teixeirão que está dando à bola.<br />

— Vamos nós até lá? — Perguntou Oliva a Paulino.<br />

Este respon<strong>de</strong>u-lhe encolhendo os ombros.<br />

— Enquanto não chegam as <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>s, vamos nos entretendo em largar a<br />

pele na roleta. É uma idéia genial. Vamos lá. Mas que isso não impeça, mamãe<br />

Vênus, que vossa mercê man<strong>de</strong> trazer-nos frios e champanha e vá buscar as<br />

nossas amadas.<br />

— Sicuro, sicuro! — retorquiu, rindo, a mulheraça, saindo com açodamento.<br />

Os dois amigos entravam pouco <strong>de</strong>pois na sala da roleta, no segundo andar.<br />

CAPÍTULO XVII<br />

FLOR DO LODO<br />

Eram nove horas da manhã quando Paulino se recolheu ao hotel. Dormira<br />

apenas três horas, <strong>de</strong> um sono <strong>de</strong> esgotamento, pesado como chumbo, <strong>de</strong> que foi<br />

<strong>de</strong>spertado, entretanto, em sobressalto, como se alguém o houvesse sacudido com<br />

ru<strong>de</strong>za.<br />

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