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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
de Paris. - Ele estremeceu. - É um sítio assustador, escuro e frio, e a minha vida é muito<br />
dura. Todas as camas estão cheias no quarto em que trabalho, e sei que há outras pessoas<br />
lá fora à espera que alguém morra, para poderem ter o espaço. Os <strong>corpos</strong> dos doentes<br />
estão cobertos de bolhas - bolhas cheias de líquido. O cheiro é horrível. Mesmo ao frio,<br />
estas pobres pessoas têm febres altas. Transpiram e gemem. O seu tormento é terrível de<br />
se ver.<br />
»Não me importo de trabalhar ali. Uma das pacientes é <strong>uma</strong> rapariga de onze anos, órfã,<br />
com olhos brilhantes da febre, lábios ressequidos, rosto enrugado como o de um macaco.<br />
Ambas sabemos que ela vai morrer, que não há nada que eu possa fazer por ela. No<br />
entanto, está espirituosa, consegue fazer piadas, e os outros doentes adoram-na. Eu adoroa<br />
acima de tudo, e trago-lhe água e lavo-lhe a testa — faço isto por todos - com <strong>uma</strong><br />
ternura especial.<br />
»No dia em que morre, ela olha para mim e diz: «Tu entraste na minha vida e trouxeste-me<br />
paz. Fizeste-me feliz.» Feliz! Consegue imaginar? Esta pobre rapariga, em agonia, diz que<br />
está feliz por minha causa. Não tenho a certeza da razão, mas redobro os meus esforços<br />
pelos outros doentes, na esperança de lhes conseguir trazer a mesma felicidade ou, pelo<br />
menos, alg<strong>uma</strong> paz também. E resulta! Sei que a minha presença os acalma e formam-se<br />
laços entre nós - laços espirituais, embora nenhum tão forte como entre mim e a rapariga<br />
órfã.<br />
O seu rosto reflectia a sua própria paz interior enquanto falava. A sua voz era suave,<br />
reverente, consciente de milagres.<br />
- Eventualmente, também eu sucumbi à doença. A dor era excruciante, mas, embora o<br />
meu corpo sofresse, a minha mente e alma estavam felizes. Eu sabia que tinha levado <strong>uma</strong><br />
vida útil, e esse era o plano de Deus para mim.<br />
»Quando morro, a minha alma flui para cima, em direcção ao Deus que me tinha<br />
sustentado. Estou envolta n<strong>uma</strong> luz dourada e sinto-me renovada pela sua graça. Chegam<br />
seres angélicos para me escoltar, cumprimentando-me com aplausos e canções celestiais.<br />
Na Terra, tinha arriscado a minha própria vida para ajudar os outros sem pensar em ganhos<br />
materiais. Esta era a minha recompensa, mais valiosa do que o tesouro de um rei, mais<br />
preciosa do que esmeraldas.<br />
»Eles dão-me conhecimento, e em troca eu dou-lhes amor sem limites. Através deles<br />
compreendo que ajudar os outros é o bem mais elevado, e pode imaginar a minha alegria<br />
quando eles me dizem que o consegui. A extensão da vida de <strong>uma</strong> pessoa não é<br />
importante, dizem eles. O número de dias e anos que <strong>uma</strong> pessoa vive na Terra é<br />
insignificante. É a qualidade desses dias e anos que é importante, qualidade essa medida<br />
em actos de bondade e sabedoria adquirida. «Alg<strong>uma</strong>s pessoas fazem mais bem num dia<br />
do que outras em cem anos.» Esta é a mensagem deles. «Cada alma, cada pessoa é<br />
preciosa. Cada pessoa auxiliada, cada vida ajudada ou salva, é imensuravelmente valiosa.»<br />
»Cada alma que tratei naquele hospital, pertencente àqueles cujos <strong>corpos</strong> pereceram antes<br />
do meu, envia-me as suas bênçãos e o seu amor, compondo a minha alegria.<br />
David fez <strong>uma</strong> pausa.<br />
- Uma criatura incrivelmente bela diferencia-se do coro de anjos - continuou. - Parece ser<br />
feita de luz, embora tenha <strong>uma</strong> distintiva forma h<strong>uma</strong>na e use vestes púrpuras e sapatos<br />
dourados. A sua voz - que não se distingue se é de homem ou de mulher - tem a autoridade<br />
da grande sabedoria.<br />
Quando o conduzi de volta ao presente, ele ainda estava sob o poder da sua visão, ainda<br />
cheio de admiração e iluminação.<br />
- Chamemos àquela criatura a Fonte - disse-me ele -, porque era óbvio que as lições que os<br />
anjos me ensinaram lhes foram ensinadas por ela. «Quando precisares de ajuda, podes<br />
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