You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
- Ela fez <strong>uma</strong> pausa. - Não, muitos, embora não se notasse nos testes de aptidão.<br />
Fiquei a pensar se ela teria sentido demasiada pressão por parte dos pais.<br />
- A sua mãe e o seu pai querem que seja médica?<br />
- Eles querem o que eu quiser. Têm sido maravilhosos. Dão-me apoio, carinho e amor - não<br />
podia ter pais melhores. Arranjaram-me <strong>uma</strong> explicadora para me ajudar nos estudos. Mas<br />
ela não serve de muito. Eu olho para os números e para as fórmulas e dá-me <strong>uma</strong> branca.<br />
Ela falava com tanto fervor, tanta paixão, que pela primeira vez percebi a jovem<br />
extraordinária que Samantha era. A pressão não parecia ser dos pais, mas sim interior. Eu<br />
estava certo de que a sua sensação de derrota não estava assim tão entranhada que não<br />
pudesse ser ultrapassada.<br />
- E agora sente que está a desiludi-los.<br />
- Sim, e isso deixa-me infeliz. Estou a desiludir o meu irmão também. O Sean. Ele tem onze<br />
anos e tem um coração fraco, precisa de ter muitos cuidados. Mas é realmente a mim que<br />
estou a desiludir acima de tudo. Dr. Weiss, eu entro n<strong>uma</strong> sala de aula para fazer um teste,<br />
nem que seja o questionário mais simples, e antes de me sentar começo a tremer e a<br />
transpirar, começo a entrar em pânico e a querer fugir. Uma vez fugi mesmo. Fugi daquela<br />
sala, voltei para o meu dormitório e deitei-me na cama a chorar.<br />
- O que é que aconteceu?<br />
- Oh, disse-lhes que estava doente e deixaram-me fazer o teste outra vez. Vão deixar-me<br />
fazer os meus exames de fim de semestre também - aqueles a que chumbei no mês<br />
passado, aqueles a que vou chumbar outra vez. Chumbar e chumbar e chumbar e<br />
chumbar.<br />
Ela foi-se abaixo, chorando com <strong>uma</strong> angústia nascida de meses de desespero. Deixei-a<br />
chorar - teria sido fútil tentar fazê-la parar -, mas finalmente as lágrimas pararam e, para<br />
meu espanto, ela conseguiu esboçar um breve e terno sorriso.<br />
- Sou <strong>uma</strong> desgraça - disse ela. - A minha vida inteira está a ir pelo cano. Ajude-me.<br />
Eu sabia que tínhamos de descobrir a origem do seu bloqueio. Talvez residisse n<strong>uma</strong> vida<br />
diferente. Pensei em fazer-lhe <strong>uma</strong> regressão para descobrir, mas queria saber mais antes<br />
de começarmos.<br />
- E as suas notas nas outras cadeiras?<br />
- Só vintes. Não sou parva. Não, eu não pensava que era.<br />
- Então digamos, <strong>só</strong> hipoteticamente, que não conseguia passar a Matemática e a Química<br />
e tinha de escolher um futuro diferente. Isso seria assim tão terrível?<br />
- Seria impossível - disse ela calmamente.<br />
- Nem por isso. Ainda é nova. Há um milhão de caminhos abertos para si.<br />
- Não percebe? - perguntou. — Só há este. Eu não percebia.<br />
- Porquê?<br />
- Porque eu vi o meu futuro. Vi-o em sonhos.<br />
Electricidade.<br />
- Viu-o?<br />
Se ela partilhou o meu entusiasmo, não o demonstrou.<br />
- Sim. Mas não percebo como irá acontecer - pelo menos se não passar nos meus exames.<br />
- Como é que sabe que o sonho é mesmo sobre o seu futuro, que o que vê vai mesmo<br />
42