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Muitos corpos, uma só Alma

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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />

acontecer?<br />

- Porque, quando sonhei com o futuro antes, aconteceu. - A tristeza voltou a subir à sua<br />

voz. - Só que desta vez não pode acontecer. Alg<strong>uma</strong> coisa está a impedi-lo.<br />

Ela estava a ir depressa de mais.<br />

- Recue um segundo - disse eu. - Dê-me um exemplo de um sonho que se tenha tornado<br />

realidade.<br />

- Sonhei que a minha amiga Diana ficava ferida num acidente de carro. Duas semanas<br />

depois, ficou, tal como eu tinha visto. Um outro carro bateu no dela quando ela parou num<br />

cruzamento. - Encolheu os ombros. - Arrepiante.<br />

Ela descreveu outros sonhos premonitórios - um acidente n<strong>uma</strong> escalada de montanha e a<br />

chegada antecipada do seu pai de <strong>uma</strong> viagem de negócios.<br />

Muitas pessoas têm sonhos premonitórios, visões de situações prestes a acontecer; eu já<br />

as tinha encontrado várias vezes antes. Mas, no caso da Samantha, muitos dos seus<br />

sonhos do futuro tinham mais textura, eram mais vívidos e mais elaborados. Ela não estava<br />

a ver um incidente mas sim <strong>uma</strong> vida posterior em pormenor.<br />

- Estou na faculdade de Medicina. É <strong>uma</strong> grande universidade com montes de estudantes.<br />

É o dia da licenciatura. Junho. Estamos sentados num palco e o reitor está a entregar<br />

diplomas. Há <strong>uma</strong> assistência enorme, as mulheres têm vestidos franzidos e floridos, por<br />

isso a universidade talvez seja no Sul. Há bandeiras a ondular na brisa quente. Os meus<br />

pais estão na primeira fila e eu consigo vê-los a sorrirem para mim, orgulhosos de mim<br />

como eu estou de mim mesma. O reitor chama o meu nome. Licenciei-me, anuncia ele, com<br />

as maiores honras. Dirijo-me à mesa de leitura e ele entrega-me o meu diploma, que está<br />

enrolado e atado com <strong>uma</strong> fita. A assistência começa a dar vivas, não apenas os meus pais<br />

mas toda a assistência. Os outros estudantes também estão a dar vivas e eu estou tão feliz<br />

que era capaz de rebentar. Volto ao meu lugar, desato a fita e abro o diploma. É a coisa<br />

mais bonita que alg<strong>uma</strong> vez vi. O meu nome está impresso a vermelho como um sinal de<br />

néon e... Ela começou a chorar, com lágrimas tão grandes como gotas de <strong>uma</strong> torneira.<br />

— Não vai acontecer. Talvez devesse pedir <strong>uma</strong> licença, deixar a escola antes que chumbe<br />

a <strong>uma</strong> cadeira para não ficar no meu registo. Talvez devesse casar com um médico.<br />

— Talvez não tenha de fazer isso. Talvez consigamos descobrir de onde vem esse<br />

bloqueio. - As minhas palavras encorajaram-na pouco. A sua cabeça estava novamente<br />

inclinada e as mãos estavam agarradas ao estômago. - Teve mais alguns sonhos? -<br />

perguntei.<br />

— Passa-se uns anos mais tarde. Sou <strong>uma</strong> médica agora, a descer um corredor de<br />

hospital, passando do quarto de um paciente para outro. Os pacientes são crianças - sou<br />

pediatra! É o que sempre quis ser. Adoro miúdos, e é óbvio que eles gostam de mim,<br />

porque cada um deles, até mesmo os mais pequenos e os mais doentes, com tubos a<br />

saírem dos seus narizes e braços, estão contentes por me verem. Estou entusiasmada por<br />

ter a perícia para ajudá-los. Um miúdo pequeno pega na minha mão. Eu sento-me à sua<br />

cabeceira até ele adormecer.<br />

Os sonhos podiam ser qualquer coisa: fantasias, sonhos premonitórios, sonhos do futuro ou<br />

metáforas sem nada a ver com a medicina. Mas eram certamente reais para Samantha, e<br />

ela ficou mais triste quando contou o segundo, porque sentiu a barreira entre o seu futuro e<br />

o presente - a montanha intransponível da Matemática e da Química - à sua frente. Não<br />

conseguia ver maneira de a ultrapassar.<br />

Agendámos rapidamente várias sessões adicionais, porque ela tinha de decidir se ficava na<br />

escola, o que era impossível se não conseguisse passar nos exames. Eu sei que os<br />

médicos devem ser objectivos, mas senti <strong>uma</strong> afinidade especial por Samantha. Ela faziame<br />

lembrar a minha filha, a Amy, que tinha os seus próprios sonhos, o seu próprio futuro<br />

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