Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
Eu estava a começar a ver um padrão.<br />
- O que é que ela pensa de si?<br />
- Ela ama-me, suponho eu.<br />
- Só supõe?<br />
Pensou um bocado antes de responder.<br />
- É engraçado. Sinto-me estranho ao pé dela. Não posso espicaçá-la como faço aos outros<br />
miúdos. Quando vou abraçá-la, ou talvez seja ao contrário, parece que fico paralisado.<br />
- No entanto, ama-la?<br />
- Meu Deus, sim! - Já lhe disse? Inclinou a cabeça.<br />
- Não consigo arranjar maneira. Estamos sempre a discutir. Ela diz que eu implico com ela,<br />
mas <strong>só</strong> estou a tentar ter a certeza de que ela está em segurança.<br />
Mantê-la sob controlo pareceu-me <strong>uma</strong> fraca maneira de demonstrar amor.<br />
- E os outros amigos dela? - perguntei.<br />
- Não têm remédio.<br />
- Como assim?<br />
- Não são suficientemente espertos. Grunhos, mesmo. Tudo testosterona e carros<br />
artilhados. Ou imbecis - demasiado espertos, sem tomates. Na verdade, o Phil é o melhor<br />
de todos. Ele apareceu no hospital da última vez que ela teve de ficar internada. Nenhum<br />
dos outros fez isso. Na última visita que fez, disse-lhe para não voltar.<br />
- Foi a primeira vez que o disse?<br />
- Na cara dele. Mas já tinha dito à Alison que não devia voltar a vê-lo.<br />
Eu sorri.<br />
- Mas ela foi «desobediente».<br />
Ele encolheu os ombros. A resposta era óbvia.<br />
- Não acha que lhe daria prazer continuar a vê-lo? Afinal de contas, se ela não melhorar...<br />
Ele interrompeu com um bramido.<br />
- Pare já aí! Raios partam, vou fazer com que ela melhore nem que tenha de morrer no<br />
lugar dela.<br />
Depois de duas sessões a contar a história e a discuti-la, eu estava desejoso de olhar com<br />
maior pormenor para a relação de Paul e Alison. Alg<strong>uma</strong> coisa estava relacionada com o<br />
seu comportamento excessivamente protector, tanto para com ela como para com ele<br />
próprio. Talvez a resposta residisse n<strong>uma</strong> vida passada. Ele resistiu no início, mas, por fim,<br />
com a bênção e o encorajamento da família, e porque Alison estava tão doente, concordou.<br />
Demorei mais tempo do que o habitual a hipnotizá-lo, devido ao seu cérebro esquerdo<br />
activo e à sua necessidade de se manter no controlo, mas ele acabou por atingir um nível<br />
profundo.<br />
- Estamos em 1918 - disse-me ele. - Estou n<strong>uma</strong> cidade do norte, Nova Iorque ou Boston.<br />
Tenho vinte e três anos. Sou um jovem muito certinho, a seguir a carreira do meu pai como<br />
banqueiro, e estou apaixonado, loucamente apaixonado, pela rapariga errada. Ela é cantora<br />
e bailarina, um verdadeiro espanto. Falei com ela ocasionalmente depois do espectáculo,<br />
mas nunca lhe revelei os meus sentimentos. Sei que ela é... - Fez <strong>uma</strong> pausa, com um ar<br />
de incredulidade a espalhar-se pelo rosto. - É a minha filha Alison!<br />
Sentou-se em silêncio por um momento, recordando. Depois disse:<br />
65