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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
mais.» Quem irá dizer que a sua visão é real? Que a sua decisão foi lógica? Ela teria de ser<br />
<strong>uma</strong> pessoa muito madura para compreender que o que viu pode ser distorção, fantasia,<br />
metáfora, simbolismo, o futuro verdadeiro ou talvez <strong>uma</strong> mistura de tudo isto. E se <strong>uma</strong><br />
pessoa tiver previsto a sua morte dali a dois anos - <strong>uma</strong> morte provocada por, digamos, um<br />
condutor bêbedo? Entraria em pânico? Nunca mais conduziria? Será que a visão iria induzir<br />
ataques de ansiedade? Não, disse a mim próprio. Não vamos por aí. Fiquei preocupado<br />
que a profecia se cumprisse e que provocasse instabilidade no indivíduo. Os riscos de se<br />
agir baseado n<strong>uma</strong> ilusão eram demasiado grandes.<br />
Ainda assim, durante os vinte e quatro anos que se passaram desde que Catherine fora<br />
minha paciente, alg<strong>uma</strong>s outras pessoas foram ao futuro de forma espontânea, muitas<br />
vezes no final da sua terapia. Se eu sentisse confiança na sua capacidade de compreender<br />
que o que estavam a testemunhar podia ser fantasia, encorajava-os a prosseguir. Dizia:<br />
«Este processo tem a ver com crescimento e vivência, destina-se a ajudar-vos agora a<br />
tomarem decisões adequadas e sábias. Mas vamos evitar todas as memórias (sim,<br />
memórias do futuro), visões ou ligações com quaisquer cenas de morte ou doenças graves.<br />
Isto é apenas para aprendizagem.» E as suas mentes faziam isso. O valor terapêutico foi<br />
apreciável. Descobri que estas pessoas estavam a tomar decisões mais sábias e a fazer<br />
escolhas melhores. Conseguiam olhar para um entroncamento na estrada num futuro<br />
próximo e dizer: «Se eu seguir este caminho, o que irá acontecer? Será melhor escolher o<br />
outro?» E por vezes o que viam no futuro tornava-se realidade.<br />
Alg<strong>uma</strong>s pessoas que vêm ter comigo descrevem acontecimentos pré-cognitivos: saber o<br />
que vai acontecer antes de acontecer. Os investigadores de experiências de quase-morte<br />
escrevem sobre isto; é um conceito que remonta a tempos pré-bíblicos. Pense em<br />
Cassandra que conseguia prever com exactidão o futuro, mas em quem nunca se<br />
acreditou.<br />
A experiência de <strong>uma</strong> das minhas pacientes demonstra o poder e os perigos da précognição.<br />
Ela começou a sonhar com o futuro, e muitas vezes o que ela sonhava acabava<br />
por acontecer. O sonho que a levou a recorrer a mim foi o do seu filho a ter um terrível<br />
acidente de viação. Foi «real», disse-me ela. Ela viu-o com clareza e ficou em pânico por o<br />
filho morrer daquela maneira. No entanto, o homem do sonho tinha cabelo branco, e o seu<br />
filho era um homem de cabelo escuro com vinte e cinco anos.<br />
«Oiça», disse eu, sentindo-me subitamente inspirado, pensando em Catherine e seguro de<br />
que o meu conselho estava certo. «Eu sei que muitos dos seus sonhos se tornaram<br />
realidade, mas isso não quer dizer que este se concretize. Existem espíritos - quer lhe<br />
chame anjos, guardiães, guias ou Deus, são todos <strong>uma</strong> energia mais elevada, <strong>uma</strong><br />
consciência mais elevada em nosso redor. E eles podem intervir. Em termos religiosos, isto<br />
chama-se graça, a intervenção de um ser divino. Reze, envie luz, faça o que puder à sua<br />
maneira.»<br />
Ela levou as minhas palavras à letra e rezou, meditou, desejou e revisualizou. Mesmo<br />
assim, o acidente aconteceu. Só que não foi um acidente fatal. Não havia necessidade de<br />
ela ter entrado em pânico. É verdade que o seu filho sofreu tra<strong>uma</strong>tismos na cabeça, mas<br />
não houve danos graves. Não obstante, foi um acontecimento traumático para ele: quando<br />
os médicos lhe retiraram as ligaduras da cabeça, viram que o seu cabelo tinha ficado<br />
branco.<br />
Até há poucos meses, naquelas raras ocasiões em que fiz progressões até ao futuro com<br />
os meus pacientes, elas limitavam-se habitualmente ao período de tempo das suas próprias<br />
vidas. Fiz as progressões apenas quando pensei que o paciente estava psicologicamente<br />
forte para lidar com elas. Muitas vezes fiquei tão inseguro como eles acerca do significado<br />
das cenas que eles tinham trazido de volta.<br />
No entanto, na Primavera passada, eu estava a dar <strong>uma</strong> série de palestras num navio de<br />
cruzeiro. Em sessões como essas, muitas vezes hipnotizo os meus ouvintes em massa e<br />
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