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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
Aquele soldado russo de ontem e o soldado árabe de hoje são o mesmo que você, porque<br />
ambos têm almas e você tem <strong>uma</strong> alma, e todas as almas são <strong>uma</strong> <strong>só</strong>. Nas nossas vidas<br />
passadas mudámos de raça, de sexo, de circunstâncias económicas, de condições de vida<br />
e de religião. Iremos mudar isso tudo no futuro também. Portanto, se odiarmos, ou se<br />
combatermos, ou se matarmos, estaremos a odiar-nos, a combater-nos e a matar-nos a nós<br />
próprios.<br />
A empatia ensina esta lição; é um dos sentimentos que temos de aprender na Terra, um<br />
aspecto fundamental da nossa preparação para a imortalidade. É <strong>uma</strong> lição difícil que<br />
temos de viver não apenas na mente mas também nos nossos <strong>corpos</strong> físicos, e na mente e<br />
no corpo temos dor, emoções sombrias, relações difíceis, inimigos, perda e sofrimento.<br />
Assim, temos tendência a esquecermos os outros e a concentrarmo-nos em nós próprios.<br />
Mas também temos amor, beleza, música, arte, dança, natureza e ar, e desejamos partilhálos.<br />
Não podemos transformar negatividade em positivismo sem empatia, e não podemos<br />
compreender verdadeiramente e empatia sem a vivermos na nossa vida presente, no nosso<br />
passado e no nosso futuro.<br />
Samantha viveu-a. Isso mudou-a literalmente para sempre.<br />
Ela era <strong>uma</strong> rapariga frágil, pesava menos de 45 quilos, e sentou-se no meu consultório<br />
n<strong>uma</strong> manhã de Fevereiro com os ombros descaídos e as mãos firmemente agarradas ao<br />
estômago, como se estivesse a refrear a dor. As suas roupas eram simples: calças de<br />
ganga, camisola, ténis com soquetes e nada de jóias, nem sequer um relógio. Podia estar<br />
agora a entrar para o liceu, pensei, embora soubesse através das minhas perguntas<br />
introdutórias, às quais deu respostas tímidas e quase inaudíveis, que tinha na verdade<br />
dezanove anos e era caloira na faculdade. Os seus pais mandaram-na vir ter comigo<br />
porque ela estava a sofrer de grave ansiedade e depressão ligeira.<br />
- Não consigo dormir - disse ela com <strong>uma</strong> voz tão suave que tive de fazer um esforço para a<br />
ouvir. De facto, os seus olhos estavam lacrimejantes e raiados de sangue.<br />
- Sabe porquê? - perguntei.<br />
- Estou com medo de chumbar às minhas cadeiras.<br />
- A todas?<br />
- Não. Só a Matemática e Química.<br />
- Porque é que não escolhe outras disciplinas? - Retraí-me. Fora <strong>uma</strong> pergunta estúpida.<br />
Ela tinha escolhido aquela área. E, de facto, ela indignou-se.<br />
- São pré-requisitos.<br />
- Para a faculdade de Medicina? - Eu devia saber. Tinham sido o foco dos meus anos de<br />
faculdade.<br />
- Sim. E eu esbarrei-me no teste de aptidão de Matemática.<br />
- Então quer ser médica? - Soava a banal, eu sabia, mas estava à procura de um ponto de<br />
entrada, alg<strong>uma</strong> coisa que a fizesse sair da jovem derrotada sentada à minha frente.<br />
Finalmente, levantou a cabeça e olhou-me nos olhos.<br />
- Mais do que tudo. É o que eu vou ser.<br />
- Mas não consegue entrar na faculdade de Medicina se não passar a Matemática e a<br />
Química.<br />
Ela concordou. Os seus olhos mantiveram o contacto. Eu tinha identificado o seu problema,<br />
e <strong>só</strong> este facto já lhe tinha dado um pouco de esperança.<br />
- Diga-me. Teve problemas com as disciplinas de Matemática e Química no liceu?<br />
- Alguns.<br />
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