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Muitos corpos, uma só Alma

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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />

4 - Samantha e Max: Empatia<br />

POUCOS DIAS antes de começar este capítulo, o tio da minha mulher Carole estava a<br />

morrer de cancro num hospital de Miami. Ela e ele eram muito chegados, e isto foi <strong>uma</strong><br />

provação para ela. Eu também lhe era chegado, embora nada que se parecesse com o que<br />

era a Carole, por isso, quando visitei o seu quarto de hospital, a minha atenção recaiu<br />

menos nele do que nela e nos filhos dele reunidos à sua cabeceira. (A sua mulher tinha<br />

falecido muitos anos antes.) Eu conseguia sentir a tristeza deles, a sua dor e o seu<br />

sofrimento. Isto era empatia da minha parte, <strong>uma</strong> emoção que se desenvolve à medida que<br />

envelhecemos, já que o grau de empatia que sentimos é influenciado pelo facto de termos<br />

passado por situações semelhantes nas nossas próprias vidas. Eu tinha perdido um filho e<br />

o meu pai e, por isso, conhecia a dor de enfrentar a morte de um ente querido. Não foi difícil<br />

para mim viver as emoções das pessoas naquele quarto; sei o que é sentir sofrimento, e<br />

senti <strong>uma</strong> forte afinidade com todos eles, embora <strong>só</strong> tenha encontrado as crianças alg<strong>uma</strong>s<br />

vezes no decorrer dos anos. Fui capaz de alcançá-los e eles conseguiram aceitar as minhas<br />

palavras de consolo, sabendo que eram genuínas. Eles também sentiram empatia por mim.<br />

Por volta da mesma altura, um sismo no Irão matou cerca de quarenta mil pessoas e deixou<br />

feridas centenas de milhares, separadas das suas famílias e sem casa. Na televisão<br />

passaram cenas horríveis de pessoas a retirarem os feridos e os mortos dos escombros. Eu<br />

observei com horror. Aqui funcionava um tipo diferente de empatia, mais global e<br />

provavelmente não tão doloroso como as emoções que senti naquele quarto de hospital. Se<br />

não tivesse havido imagens do rescaldo do sismo, eu podia ter sentido muito pouco; foi a<br />

individualização da tragédia, juntamente com o imediatismo das imagens, que a tornou tão<br />

dolorosa.<br />

A minha empatia foi tanto para as equipas de salvamento como para as vítimas, e dei por<br />

mim a pensar que este mundo é um lugar tão difícil. Aqui temos doenças, enfermidades,<br />

sismos, tufões, cheias e todas as calamidades da natureza, e ainda acrescentamos a<br />

guerra, a violência e o assassínio. Tal como muitos países, os Estados Unidos prometeram<br />

imediatamente ajuda h<strong>uma</strong>nitária sob a forma de alimentos, medicamentos e mão-de-obra.<br />

Todavia, asseguraram-nos que o Irão ainda fazia parte do eixo do mal e que estava certo<br />

odiar os seus líderes. Se pudesse ser provado que eles eram <strong>uma</strong> ameaça para a América,<br />

nós iríamos para a guerra.<br />

Loucura!<br />

A empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar de outra pessoa - sentir os seus<br />

sentimentos, estar na sua situação, ver através dos seus olhos. Se formos capazes de<br />

empatia, podemos ligar-nos àqueles que estão a sofrer, rejubilar com o amor de outra<br />

pessoa, sentir prazer pelo triunfo de outros e compreender a raiva de um amigo e o<br />

sofrimento de um estranho. É <strong>uma</strong> característica que, quando dominada e usada<br />

correctamente, pode ajudar-nos a ir mais além em direcção ao futuro. Aqueles a quem falta<br />

empatia não podem evoluir espiritualmente.<br />

O princípio fulcral que envolve a empatia é o de que estamos todos ligados. Comecei a<br />

compreendê-lo no auge da Guerra Fria, quando vi um filme sobre um soldado russo. Sabia<br />

que era suposto odiá-lo, mas enquanto ele passava pelo seu ritual diário - fazer a barba,<br />

tomar o pequeno-almoço, ir para o campo para treinar -, lembro-me de pensar: «Este<br />

soldado é <strong>só</strong> uns anos mais velho do que eu. Ele pode ter <strong>uma</strong> mulher e filhos que o amem.<br />

Talvez esteja a ser forçado a lutar por ideais políticos que são os dos seus líderes, mas dos<br />

quais discorda. Disseram-me que ele é meu inimigo, mas se olhasse nos seus olhos não<br />

me veria a mim mesmo? Não estarão a dizer-me para me odiar a mim próprio?»<br />

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