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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
- Vou fazer um acordo consigo. Ele pareceu espantado.<br />
- Que acordo?<br />
- Se passar duas sessões comigo, deixando-me tentar ajudá-lo, não o hospitalizo.<br />
- E se eu continuar a sentir o mesmo depois das sessões, não vai tentar impedir-me?<br />
Isso não podia, obviamente, ser parte do acordo.<br />
- Vamos <strong>só</strong> ver o que conseguimos fazer - disse eu. - Quero que visite o futuro.<br />
Quando Gary estava sob hipnose profunda, instruí-o a olhar para os dois caminhos que<br />
divergiam do presente. Um dos caminhos iria mostrar-lhe as repercussões do seu suicídio.<br />
O outro era o caminho da acção positiva, do amor-próprio e da vida.<br />
Escolhemos olhar primeiro para o caminho do suicídio. Imediatamente, os seus olhos<br />
encheram-se de lágrimas.<br />
- Eu estava errado. A Constance amava-me mesmo. Vejo o seu sofrimento, e já passaram<br />
muitos anos depois da minha morte. Os rapazes também estão a sofrer. Fui tão egoísta que<br />
nem pensei neles quando puxei o gatilho. Mas eles tiveram de deixar a faculdade e tomar<br />
conta da Constance na sua doença. - Ele fez <strong>uma</strong> pausa, e, quando voltou a falar, foi num<br />
tom de espanto. - O engraçado é que todos eles se sentem responsáveis pela minha morte.<br />
A culpa está a consumi-los. Acham que podiam ter-me protegido de mim mesmo, ter-me<br />
salvo se tivessem sido mais diligentes. Não posso acreditar! Era a minha mão, não a deles,<br />
na arma. E a Constance fez tudo o que podia. Ela suplicou-me. Eu não acreditei nela e fui<br />
em frente.<br />
- A reacção deles não é assim tão estranha - disse eu calmamente. - Em muitos casos, os<br />
sobreviventes sentem-se responsáveis.<br />
As lágrimas começaram a cair-lhe.<br />
- Oh, lamento isso. Lamento tanto, tanto. Não queria...<br />
- Magoá-los?<br />
- Sim. Era eu que estava a sofrer.<br />
O suicídio não é um acto de altruísmo. É um acto de raiva ou desespero. Eu ia frisar isto a<br />
Gary quando o trouxesse de volta, mas era importante para ele saber mais acerca do<br />
futuro. Conduzi-o ainda mais longe, até à sua próxima vida.<br />
Os seus dedos apertaram os lados da cadeira até os nós dos dedos ficarem brancos.<br />
- Está um homem de pé, com <strong>uma</strong> arma apontada à cabeça. Consigo ver o dedo dele a<br />
apertar o gatilho.<br />
- O homem é você? -Sim!<br />
- Com a arma apontada à cabeça, como no sonho que relatou quando veio ver-me pela<br />
primeira vez?<br />
O seu corpo relaxou.<br />
- Um sonho. Sim. É o que isto é. Um sonho.<br />
- Quer dizer que quer matar-se?<br />
- Sim. Eu mereço morrer. Ando a ter um caso.<br />
- Então é casado?<br />
- Claro que sim. E trabalho para o meu sogro.<br />
- Um caso não parece ser razão para suicídio.<br />
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