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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
- O meu nome é Maddie - disse Patrick. - As mulheres não são muitas vezes convidadas a<br />
participar em investigação astronómica de alto nível, mas as minhas notas foram tão<br />
superiores às dos meus colegas masculinos e o meu trabalho tão bom no centro espacial<br />
que eles não podiam deixar-me de fora — eu tê-los-ia processado.<br />
Há coisas que não mudam, pensei. O sexismo no futuro não parece ser muito diferente do<br />
sexismo no presente. Gostei logo de Maddie. Era obviamente <strong>uma</strong> feroz e dura defensora<br />
de si própria, <strong>uma</strong> boa progressão para o Patrick.<br />
- Que ano é? - perguntei.<br />
- Ano 2254 - respondeu ela imediatamente. - Mês Maio, dia quinta-feira, horas 22:17.<br />
- Que idade tem?<br />
- Trinta e um. — A idade que o Patrick tinha nesta vida.<br />
- De onde está a falar?<br />
- Do observatório, é claro. Aqui estou eu, rodeada pelos meus computadores, os meus<br />
telescópios, os meus mecanismos de som. Estou aqui desde as nove da manhã - a minha<br />
hora habitual - e não podia estar mais feliz.<br />
- No que é que está a trabalhar especificamente? Suspirou.<br />
- Suponho que posso dizer. A imprensa tomou conta da história há alg<strong>uma</strong>s semanas e tem<br />
gozado com ela desde então. Os meus amigos também se riem de mim, mas garanto-lhe<br />
que é muito sério.<br />
- Não tenho dúvidas disso - disse eu solenemente.<br />
- Estamos a estudar a origem, a estrutura e o legado ocasional de civilizações alienígenas.<br />
Confesso ter ficado aturdido. No caso de ser <strong>uma</strong> fantasia, era adequada para Patrick, <strong>uma</strong><br />
continuação directa das suas leituras de infância. Mas se era real, se a sua vida há<br />
sessenta mil anos tiver sido real, então era maravilhoso que neste ponto futuro do tempo<br />
ele pudesse estudar as raízes do seu passado.<br />
- De onde vem a sua informação?<br />
Maddie pareceu agradada com a pergunta, adoptando um tom profissional que me era<br />
familiar dos meus tempos de faculdade.<br />
- Pondo de forma simples - e aquilo que fazemos não é de maneira nenh<strong>uma</strong> simples -,<br />
temos estado a utilizar dados de sondas espaciais para «ouvirmos» as mensagens de<br />
outros planetas noutras galáxias. O que aprendemos com elas é então combinado com<br />
informação recolhida das dezasseis estações espaciais que pusemos em órbita ao longo de<br />
todo o sistema solar, e nesta altura já temos <strong>uma</strong> ideia muito boa do cenário. Parece que há<br />
dezenas dessas civilizações, dessas sociedades. A maioria está demasiado longe de nós<br />
para que se possa fazer alg<strong>uma</strong> coisa para além dos mais rudimentares contactos - sinais<br />
enviados deles para nós e de nós para eles que dizem a ambas as sociedades que nós<br />
existimos. Mas com outras, as mais próximas, aquelas que possuem a tecnologia para o<br />
conseguir, bem, parece que vamos ter visitas muito em breve.<br />
- Eles vêm visitar-nos ou vamos nós visitá-los?<br />
- Oh, eles virão até nós. Nós não estamos nem de perto nem de longe suficientemente<br />
avançados nas viagens espaciais. Mal fomos capazes de ir para lá do nosso próprio<br />
sistema solar. - Fez <strong>uma</strong> pausa, os olhos brilhantes. - Mas quando eles realmente vierem e<br />
nós pudermos mostrá-los ao mundo, pense nos aumentos dos fundos governamentais!<br />
- Você vai estar lá para ver - disse eu.<br />
- Pode crer! E a imprensa e os meus amigos que se riram de nós vão ter de engolir o que<br />
disseram.<br />
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