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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
estivesse a empunhar um machado ou <strong>uma</strong> espada. - Vou forçar o meu caminho daqui para<br />
fora! Ela precisa de mim.<br />
Com um grito, baixou os braços; depois a tensão muscular desapareceu e as suas mãos<br />
ficaram frouxas no seu colo.<br />
- Tarde de mais — murmurou. - Nunca mais vou voltar a ver a minha mulher, nunca vou<br />
conhecer o meu filho.<br />
Os seus últimos sentimentos foram de culpa e tristeza. Quando o trouxe de volta ao<br />
presente, ele disse-me que nunca mais voltaria a deixar Roberta.<br />
Quando Roberta chegou para a sua próxima sessão, estava descontraída e sorridente; a<br />
luz do sol tinha regressado. Obviamente, ela e Tom tinham passado algum tempo a falar<br />
das suas experiências no século IX.<br />
- Agora sei porque é que ele não voltou para me salvar - disse ela. - Ele abandonou-me, é<br />
verdade, mas não porque quis, não por eu não estar nos seus pensamentos moribundos. —<br />
Ela riu-se. - Bem, agora ele está velho de mais para lutar pelo seu país, por isso acho que<br />
estou segura nesta vida. Com a sua ajuda, Dr. Weiss, é evidente a razão de eu ter tanto<br />
medo que ele me deixasse, e é evidente que, quando ele diz que me ama, está a falar a<br />
sério. As pessoas apaixonadas não cost<strong>uma</strong>m abandonar, pois não?<br />
Roberta foi capaz de se libertar do seu medo do abandono, das suas inseguranças e das<br />
suas dúvidas acerca do Tom. Percebeu que a violência não fazia necessariamente parte de<br />
todas as vidas e que era livre de escolher o amor em vez do medo. Esta escolha foi um<br />
tema fulcral ou padrão em muitas das suas regressões subsequentes, e ela viu-a na jovem<br />
rapariga paquistanesa que decidiu amar o seu pai e o seu irmão apesar das suas naturezas<br />
violentas, em vez de odiá-los ou temê-los.<br />
Restava ainda um obstáculo para Roberta e Tom: a sua infer-tilidade. A perda da sua<br />
criança no século IX podia explicá-la, tal como a morte dela durante o parto em França no<br />
século XIX. Mas estas situações já tinham tido lugar, compreendeu ela, e, tal como<br />
aconteceu com a questão do abandono, podia muito bem não voltar a acontecer nesta ou<br />
em vidas futuras.<br />
Decidi tentar ajudar Roberta a progredir até ao futuro próximo, para que ela compreendesse<br />
totalmente este conceito. Como sempre, ela atingiu rapidamente um estado de paz e em<br />
pouco tempo estava a observar o rumo da sua vida a partir de <strong>uma</strong> perspectiva mais<br />
elevada.<br />
- Vejo dois caminhos possíveis de vida - disse ela -, um com filhos e outro sem.<br />
- Comece pelo «sem».<br />
- O caminho sem filhos é sombrio e limitado, árido. Tenho medo de tudo, desde insectos e<br />
cobras até ir apanhar ar. Por não podermos ter filhos, o Tom abandonou-me e isso aumenta<br />
os meus medos. Mais nenhum homem irá escolher-me e eu estou muito fraca e receosa<br />
para sobreviver sozinha. - Estremeceu. - É horrível.<br />
- Mas com crianças? - incitei-a.<br />
- O mundo é solarengo e vasto. O Tom está comigo, tal como prometeu. Estou feliz,<br />
realizada.<br />
Ao progredir até esta vida feliz, ela foi capaz de se libertar com-pletamente dos medos que<br />
tinha carregado durante tantas vidas: a perda de entes queridos e a sua própria morte, o<br />
abandono e a traição. Quando ela estava a estabelecer estas ligações, o seu rosto<br />
iluminou-se.<br />
- Onde está?<br />
- Estou muito alta, mais alta do que as nuvens. Estou a flutuar. A flutuar e a observar. Isto<br />
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