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Muitos corpos, uma só Alma

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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />

Então que infeliz deve ser a sua vida na Terra.<br />

- O que é que acha das sondas em Marte agora? - perguntei.<br />

- Já viu as imagens?<br />

- Se vi! E isso é <strong>só</strong> o começo. Daqui a dez anos vai haver h<strong>uma</strong>nos em Marte, colónias<br />

deles.<br />

- Você vai lá estar?<br />

A luz desapareceu dele como se eu a tivesse desligado.<br />

- Não.<br />

- Porque não lhe é permitido?<br />

- Porque outros terão lá chegado primeiro. - Juntou as mãos e colocou-as em frente dos<br />

olhos, como que para tapar a minha cara.<br />

- Eles não iam querer-me com eles.<br />

Mais <strong>uma</strong> vez senti a sua infelicidade.<br />

- Porquê?<br />

- Porque eu não pertenço. Porque eu nunca pertenço.<br />

- Onde é que pertence?<br />

- Sozinho no céu.<br />

- Como é que sabe?<br />

- Foi o que os livros me disseram.<br />

- Os livros de ficção científica?<br />

- Certo. Só que a mim não me pareciam ficção - eram vislumbres do futuro. Eu estava n<strong>uma</strong><br />

nave espacial ou até mesmo a voar sozinho; era fácil. Não gostava dos livros em que havia<br />

guerras e coisas dessas. Não gostava de monstros nem de superarmas. Só dos livros<br />

acerca de viagens a outros planetas ou às estrelas.<br />

Conseguia imaginá-lo preso por vontade própria no seu quarto, a ler, enquanto os seus pais<br />

se afligiam lá em baixo, a pensarem no que fazer com aquela criança tão peculiar.<br />

- Mesmo quando deixou de ler - disse eu -, quando tentou fazer o que o seu pai queria,<br />

quando tentou adaptar-se, você estava sozinho.<br />

Ele olhou para mim como se eu fosse um mágico.<br />

- Sim. Quando tentei falar sobre o céu ou sobre outros planetas ou viagens ao espaço, os<br />

miúdos não pareciam interessados. Mas aquilo era tudo o que conhecia, tudo o que me<br />

interessava. Eu conseguia ir até onde os outros não conseguiam, e eles não queriam ouvir<br />

falar nisso. Os miúdos achavam que eu era maluco, todos menos o Donnie, que era meu<br />

amigo. Ele era o único rapaz com quem me sentia à vontade, mas depois os pais dele<br />

mudaram-se e ele foi com eles.<br />

- O que o deixou completamente sozinho.<br />

- A questão é que eu comecei a pensar que havia algo de errado comigo. Eu era diferente,<br />

eu sabia disso, mas porquê} Sentia-me todo-poderoso, mas acontece que não tinha poder<br />

nenhum. O meu pai disse-me que a ficção científica era para miúdos, mas, se era assim,<br />

porque é que os miúdos não a liam? Eu abdiquei dela como ele queria, mas a minha vida<br />

parecia vazia. Já não tinha piada. Não tinha sítio para ir, não tinha sítio para me esconder.<br />

Já que ninguém me prestava atenção, ninguém me ouvia, não podia confiar em mim<br />

mesmo. Eu gosto de números - há matemática no espaço -, por isso tornei-me contabilista.<br />

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