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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
Eles atacam. Eu sou capturado. O agricultor denuncia-me às autoridades, afirmando que eu<br />
pratico magia negra. Quando eles ouvem as histórias do meu poder de curar e da minha<br />
certeza nas vidas vindouras, acreditam no agricultor e eu sou queimado em praça pública.<br />
É <strong>uma</strong> morte agonizante, porque, juntamente com as chamas, o fumo torna impossível ver<br />
a minha amada que, a chorar, veio ver-me morrer e dar-me o consolo que podia. Momentos<br />
depois de eu morrer, ela atira-se de um desfiladeiro e morre instantaneamente.<br />
»Na morte, sou capaz de olhar para baixo para a aldeia para ver o que acontece. Os<br />
ciúmes do agricultor em relação a mim, que eu mal reconhecia quando estava vivo, nunca<br />
desaparecem. Ele tem de decidir-se por um casamento sem amor e torna-se mais amargo,<br />
mais cruel. Na minha recapitulação da vida, consigo ver-me a regressar n<strong>uma</strong> vida futura<br />
para ajudar o agricultor, agora um ferreiro, com as suas lições de vida, mas não sou capaz<br />
de dar-lhe grande ajuda. Ele irá regressar <strong>uma</strong> e outra vez sem progresso. Sinto que falhei,<br />
e falhei porque no fundo do meu coração cristão sinto ódio por ele. Ele matou-me a mim e,<br />
pior, à mulher que eu amava. Rejubilo com o facto de ele ser amargo, não realizado e<br />
infeliz. Sei que os meus pensamentos estão errados, mas não consigo evitar. Seria mentira<br />
fingir outra coisa.<br />
Quando Cristina se foi embora naquele dia, tomei <strong>uma</strong> nota para ver se a sua asma<br />
melhorava, porque senti que a morte do sacerdote pelo fogo e pelo fumo estava ligada a<br />
ela. (Isto é bastante comum; os problemas de respiração muitas vezes têm causas em vidas<br />
passadas.) De facto, estava marcadamente melhor na nossa sessão seguinte e hoje não<br />
está nem de perto nem de longe tão debilitante.<br />
Tomei outra nota: «O ciúme foi o que os prendeu um ao outro, agricultor e sacerdote, noutra<br />
vida e provavelmente nesta. Nesta vida, foi dada ao pai da Cristina a oportunidade de se<br />
redimir do ciúme e da traição que manifestou em relação a ela em vidas passadas. Ele<br />
podia tê-la apoiado psicologicamente, reconhecendo e considerando o seu talento, e podia<br />
tê-la recompensado promovendo-a dentro da empresa. Ele escolheu não fazer nenh<strong>uma</strong><br />
das coisas. Talvez ainda seja necessária outra vida para que ele aprenda a compaixão e o<br />
altruísmo.<br />
Na sua próxima e última regressão, Cristina deu por ela n<strong>uma</strong> pequena cidade em<br />
Inglaterra no século XIX.<br />
- É um sítio emocionante para se estar - disse-me ela. - Pela primeira vez na História, os<br />
homens estão a sair para trabalhar, deixando as suas casas para irem para escritórios ou<br />
fábricas, enquanto as mulheres ficam sozinhas encarregues da casa. Isto significa um novo<br />
tipo de sociedade, relações diferentes entre marido e mulher. Mas eu tenho sorte: ainda sou<br />
jovem, vinte anos, solteira, e arranjei emprego n<strong>uma</strong> fábrica de têxteis para ganhar algum<br />
dinheiro. Assim que chego lá, penso em todas as maneiras de aumentar a produção e<br />
reduzir custos simultaneamente. O meu supervisor está impressionado e pede-me<br />
conselhos a toda a hora. Ele é imensamente atraente e diz que me ama. Eu amo-o de<br />
certeza.<br />
O supervisor naquela vida era mais <strong>uma</strong> vez o seu pai nesta vida. Eu conduzi-a em frente<br />
na sua vida passada, reparando n<strong>uma</strong> mudança evidente na sua expressão. Ela já não era<br />
<strong>uma</strong> rapariga feliz e despreocupada, mas sim <strong>uma</strong> mulher amarga e desiludida. O<br />
supervisor, afinal, traiu-a.<br />
- Ele afinal não me amava. Fingiu que sim para poder roubar as minhas ideias e apropriarse<br />
delas. Foi promovido. Os seus superiores chamaram-lhe génio. Oh, é horrível! Eu odeioo\<br />
Um dia confrontei-o à frente do seu patrão e implorei-lhe que confessasse que as «suas»<br />
ideias eram na verdade minhas. No dia seguinte, ele acusou-me de roubar cinco libras a<br />
<strong>uma</strong> colega. Eu estava inocente, totalmente inocente, mas a rapariga apoiou-o. Ela era<br />
provavelmente sua amante, e ele disse-lhe que a amava para que ela ficasse do seu lado.<br />
Vai servir-lhe de muito quando ela descobrir o estupor que ele é. Eu fui presa, mandada<br />
para a prisão durante um ano, humilhada e abandonada. Na cadeia desenvolvi <strong>uma</strong><br />
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