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Muitos corpos, uma só Alma

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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />

afectaram esta, e se ele não tivesse sido capaz de fazer <strong>uma</strong> regressão e compreendê-la,<br />

não tenho a certeza de quanto tempo teria levado a encontrar o caminho certo.<br />

O seu nome era John e ele morreu no que pode ter sido o Grande Incêndio de Londres. Ele<br />

não estava certo da data, apenas de que havia um incêndio, estava na Idade Média, a<br />

cidade era Londres e ele morreu. O acontecimento tra<strong>uma</strong>tizou-o nas vidas posteriores.<br />

Eu não o soube de imediato. Como acontece com todos os meus pacientes, passámos as<br />

primeiras sessões a discutir os seus problemas presentes e a tentar ver se existia <strong>uma</strong><br />

causa de raiz para eles na sua infância ou noutros aspectos da vida actual. Depois houve<br />

várias regressões que levaram a imagens esbatidas e inconclusivas e <strong>uma</strong> que levou a um<br />

passado vívido, mas não ao incêndio.<br />

A primeira coisa que eu devia saber acerca dele, disse-me quase no momento em que<br />

demos um aperto de mão, era que ele era rico. Geralmente as pessoas dizem-nos a idade,<br />

onde moram, o seu estado civil, um pouco sobre a história da sua família ou o que fazem na<br />

vida. John não. «Sou um homem abastado», disse-me ele, e depois ficou calado como se<br />

aquela fosse toda a informação de que eu precisava.<br />

Fiquei tentado a dizer: «Bem, bom para si.» A riqueza não me impressiona, e gabar-se dela<br />

parece-me não <strong>só</strong> falta de educação como falta de gosto. Mas eu apercebi-me rapidamente<br />

de que ele não estava a gabar-se, porque a afirmação foi feita sem alegria nem orgulho. Era<br />

como se a riqueza fosse o problema devido ao qual ele tivesse vindo ver-me.<br />

Chegaríamos lá. Primeiro, eu queria estudar a sua aparência e depois ouvir <strong>uma</strong> história<br />

convencional.<br />

Na verdade, o aspecto de John anunciava a sua riqueza quase tão directamente como ele o<br />

fez. Estava na casa dos sessenta anos e tinha o típico aspecto de modelo que recorre a<br />

liftings faciais, com camisas feitas à medida, férias frequentes nas Caraíbas (ou um bom<br />

solário), branqueadores de dentes, treinador pessoal, cortes de cabelo de 200 dólares e<br />

manicura semanal. Tive a sensação de que se alguém lhe acertasse devagar com um<br />

martelo, ele iria desfazer-se como <strong>uma</strong> fachada de má qualidade n<strong>uma</strong> casa a apodrecer.<br />

Não teria ficado surpreendido se ele tivesse sido ou ainda fosse um modelo profissional,<br />

embora essa não parecesse ser <strong>uma</strong> profissão provável para ele. Na verdade, como acabei<br />

por saber, ele não tinha nenh<strong>uma</strong> profissão.<br />

Morava n<strong>uma</strong> mansão em Palm Beach com vinte quartos, criados e garagem para quatro<br />

carros. A sua mulher, Lauren, era <strong>uma</strong> pessoa cuja fotografia a minha mulher Carole tinha<br />

visto não <strong>só</strong> nas páginas da sociedade do Miami Herald como também em artigos sobre a<br />

sociedade da Florida na Vogue e na Vanity Fair. Havia outra casa nos Barbados, um<br />

apartamento em Londres e <strong>uma</strong> casa de férias em Nova Iorque. Havia também dois filhos,<br />

Stacey, dezanove anos, no segundo ano em Wellesley, «a tirar o curso em rapazes», disse<br />

John, e Ralph, vinte e cinco anos, a terminar o curso de Direito e com esperança de entrar<br />

para oficial de justiça num Supremo Tribunal. John não estava optimista em relação às<br />

hipóteses do rapaz.<br />

- Então e você? - perguntei. - Os seus pais são vivos?<br />

- Um morreu há oito anos e o outro há dez.<br />

- Tinha <strong>uma</strong> boa relação com eles?<br />

- Acho que sim. Eles eram muito sociáveis. Quando era miúdo, fui criado por amas, mas a<br />

mamã e o papá levavam-me muitas vezes com eles para as viagens. Desde os meus doze<br />

anos que às vezes me deixavam jantar com eles quando tinham convidados. Quando<br />

éramos <strong>só</strong> os três, comíamos juntos, é claro, mas isso não acontecia muitas vezes.<br />

- Quem cost<strong>uma</strong>vam ser os convidados?<br />

- Os amigos deles, naturalmente - principalmente os vizinhos. Quando eles vinham jantar,<br />

eu também estava lá. Gostavam de jogar bridge depois de jantar, mas nessa altura eu já<br />

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