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Brian L. Weiss <strong>Muitos</strong> <strong>corpos</strong>, <strong>uma</strong> <strong>só</strong> <strong>Alma</strong><br />
evidência do contrário. Mas asseguro-lhe que não tenho nenhuns poderes ocultos e que<br />
mesmo que alguns dos meus pacientes estivessem a fantasiar, eles melhoraram na<br />
mesma.<br />
Ele pareceu aceitar isto, porque acenou com a cabeça e sentou-se à minha frente a falar<br />
sobre Alison.<br />
- Receio que a minha mulher, a minha outra filha e o meu filho, os três juntos, estejam a<br />
sabotar o seu tratamento - disse ele, mais perturbado do que zangado.<br />
- De que maneira?<br />
- A Alison é vegetariana, mas precisa de carne para se manter forte. Em vez disso, a minha<br />
família encoraja-a a tomar megavitaminas e minerais e, valha-me Deus, a comer tomates e<br />
gérmen de trigo. Ela também faz ioga e meditação. Suponho que esteja tudo bem - isso não<br />
pode prejudicá-la, mas eles querem que eu me junte à festa.<br />
- Eles estão simplesmente a fazer <strong>uma</strong> abordagem holística - disse eu calmamente.<br />
- Bem, eu quero que eles se juntem à minha.<br />
- Que é?<br />
- Medicina agressiva. Radioterapia. Quimioterapia. Tudo.<br />
- Ela não está a fazer isso?<br />
- Claro que está. Insistência minha. Estou a assumir o controlo. Mas desperdiçar o tempo<br />
dela com aqueles outros disparates, pensar que isso a vai curar, é de loucos. Pedi-lhe para<br />
parar, mas ela não quer. - Descansou a cabeça nas mãos e massajou os olhos. - Ela<br />
desobedece-me desde que era criança.<br />
- E os seus outros filhos? Também eram desobedientes?<br />
- Não. Uma maravilha. Sempre foram. A minha mulher também. Sempre será.<br />
Eu estava a desenvolver <strong>uma</strong> grande admiração pela Alison. A sua «desobediência» soa a<br />
coragem, pensei eu. Ela é provavelmente a única pessoa da família que lhe fez frente.<br />
Talvez ele esteja tão aborrecido porque os outros estão a pôr-se do lado dela <strong>uma</strong> vez na<br />
vida.<br />
- Existe um grande debate acerca da medicina holística - disse-lhe eu. - Grandes<br />
sociedades, como a chinesa, acreditam nela. Eles acreditam...<br />
- Na acupunctura! - praticamente gritou. - Ela também está a experimentar isso. E os<br />
miúdos, sim, e a minha mulher também, estão a deixar qsue isso aconteça.<br />
Como acredito que alg<strong>uma</strong>s formas de medicina holística são eficazes, sobretudo quando<br />
usadas em conjunto com o tratamento médico ortodoxo, eu disse:<br />
- Desde que ela esteja a receber o tratamento médico adequado, porquê ficar irritado? Sabe<br />
que a esperança é um factor para a recuperação. Se ela achar que a acupunctura está a<br />
ajudar, talvez isso já seja suficientemente valioso.<br />
- Suponho que sim - resmungou. Foi-se embora, obviamente insatisfeito.<br />
Fiquei a pensar se ele voltaria, mas ele estava de volta para a sua consulta três dias depois,<br />
desta vez com <strong>uma</strong> nova queixa: o namorado dela.<br />
- E é contra?<br />
- Certamente!<br />
- Porquê?<br />
- Ele não é suficientemente bom para ela. Nenhum deles é. Não vai durar muito tempo.<br />
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