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Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

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meu num <strong>cinema</strong>. Era um filme em episódios,<br />

produção da Boca do Lixo. O vazio é inesquecível<br />

e se repetiria muitas vezes em filmes seguintes.<br />

É <strong>como</strong> se fosse um pássaro fugindo da minha<br />

mão. Não era mais meu, era <strong>de</strong> todos. Ouvia as<br />

pessoas rindo <strong>de</strong> coisas que não eram para rir e<br />

pensava Por que é que estão rindo disso? De repente<br />

você não tem mais controle. Dá um ciúmes<br />

danado. Aquela coisa que era só minha, que me<br />

tomou meses e meses <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> repente<br />

estava ali na tela. É <strong>como</strong> se pegassem meu diário<br />

e começassem a ler em público. Quase <strong>como</strong> um<br />

filho que sai <strong>de</strong> casa.<br />

Na verda<strong>de</strong>, nem gosto muito <strong>de</strong> falar <strong>de</strong>sse filme.<br />

Admito que é muito ruim. Meus primeiros<br />

trabalhos não eram bons. Audácia também é<br />

muito ruim, assim <strong>como</strong> o curta Uma Rua Tão<br />

Augusta. Também não gosto <strong>de</strong> Capuzes Negros,<br />

um projeto <strong>de</strong> outra pessoa, que peguei na última<br />

hora, quando o diretor contratado foi <strong>de</strong>mitido.<br />

Ter feito filmes ruins no início da carreira<br />

me fez apren<strong>de</strong>r a lidar com as críticas negativas.<br />

A crítica caiu <strong>de</strong> pau em todos eles.<br />

Na verda<strong>de</strong>, caíam <strong>de</strong> pau na maioria dos filmes<br />

do <strong>cinema</strong> chamado marginal. Então, quando<br />

lancei Lilian M, Relatório Confi<strong>de</strong>ncial e começaram<br />

a surgir críticas positivas, isso teve um valor<br />

triplicado. Esse filme foi feito em 1974, mas só<br />

ganhou o mundo em 1983, quando foi exibido no<br />

Festival <strong>de</strong> Rotterdam. Antes, ficou proibido pela

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