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Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

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censura, que retalhou tudo. Lá o filme passou<br />

em uma sessão lotada, com críticos do mundo<br />

todo e ouvi vários indignados pelo fato <strong>de</strong> um<br />

filme <strong>como</strong> aquele não ter sido exibido antes em<br />

nenhum festival <strong>como</strong> Cannes, Veneza ou Berlim.<br />

Eu mesmo me fiz essa pergunta.<br />

Desconfio que naquela época, o <strong>cinema</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo era meio <strong>de</strong>sprezado. Nós, do <strong>cinema</strong><br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> São Paulo, tínhamos muita<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sair do Estado. Tenho o maior<br />

apreço pelo Cinema Novo, mas o papado do<br />

Cinema Novo prejudicou nossa geração. Como<br />

explicar o fato <strong>de</strong> um filme <strong>como</strong> O Bandido da<br />

Luz Vermelha nunca ter sido enviado a um festival<br />

importante no exterior? Ninguém paparicava<br />

nossa geração, os cineastas <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Pelo contrário, a gente só levava porrada. Mas eu<br />

acho que se apren<strong>de</strong> mais levando pontapé do<br />

que tapinha nas costas. Acho ruim o cara ser alçado<br />

à condição <strong>de</strong> gênio logo no primeiro filme.<br />

Uma pergunta que sempre me fazem é: Qual o<br />

seu filme que você mais gosta? Sempre respondo<br />

que é Filme Demência. É o filme pelo qual<br />

gostaria <strong>de</strong> ser lembrado. Formalmente não é<br />

um filme bem resolvido, mas é muito visceral, no<br />

qual me expus muito. Além <strong>de</strong> ser um acerto <strong>de</strong><br />

contas com a memória <strong>de</strong> meu pai, que era uma<br />

coisa mal resolvida na minha vida. Foi um filme<br />

que fiz para tentar resolver isso.

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