16.04.2013 Views

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

192<br />

que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 20 anos, nenhum autor tem mais<br />

direitos sobre sua obra, só <strong>de</strong>veres. Godard é<br />

outro bom plagiador, que atua criativamente<br />

na seara das citações e das referências. Eu também<br />

não concordo com a idéia mercantilista <strong>de</strong><br />

direito autoral. Acho que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um período<br />

<strong>de</strong> exploração comercial, ou que o autor da obra<br />

(fílmica, musical, literária, etc) morresse, todos os<br />

direitos autorais (não físicos) <strong>de</strong>veriam se tornar<br />

públicos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quatro anos. É tempo mais<br />

que suficiente para que her<strong>de</strong>iros, picaretas e<br />

urubus constituam um pé-<strong>de</strong>-meia. Depois disso,<br />

a obra <strong>de</strong> arte <strong>de</strong>ve ficar à disposição dos que<br />

realmente a apreciam.<br />

Para chegar nesse Fausto, li todos os Faustos da<br />

literatura. Eu não conseguiria mais separar qual é<br />

qual, mas o filme está impregnado <strong>de</strong> citações <strong>de</strong><br />

diferentes Faustos. O Fausto <strong>de</strong> Fernando Pessoa,<br />

por exemplo, ou o <strong>de</strong> Coleridge. Mas o que me interessa<br />

no filme é a sua leitura existencialista, que<br />

vem <strong>de</strong> Kierkegaard, aquela coisa <strong>de</strong> dividir a experiência<br />

existencial em estágios. Você consegue<br />

compreen<strong>de</strong>r o homem através <strong>de</strong>stes estágios.<br />

Há o Fausto, que busca o conhecimento e quase<br />

ven<strong>de</strong> a alma; há o Don Juan, que representa a<br />

busca da paixão, mas não consegue se entregar<br />

a ninguém; há o ju<strong>de</strong>u errante, que simboliza a<br />

busca <strong>de</strong> raiz, <strong>de</strong> um para<strong>de</strong>iro, <strong>de</strong> uma pátria<br />

e <strong>de</strong> Mira-Celi. Esses personagens sintagmáticos<br />

me interessam muito e estão presentes na minha<br />

obra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Amor, Palavra Prostituta.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!