16.04.2013 Views

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

210<br />

Acho que o maior mérito <strong>de</strong>sse filme é a sincerida<strong>de</strong><br />

com que procura retratar o cotidiano das<br />

mulheres da periferia. O que me inspirou foi a<br />

admiração que tenho por esse tipo <strong>de</strong> profissão,<br />

essas professoras que vivem na periferia, ensinando,<br />

tentando levar alguma coisa a crianças que<br />

têm pouca chance na vida. Eu convivi com essa<br />

realida<strong>de</strong> quase toda a minha vida.<br />

Minha mulher é <strong>de</strong>ntista do Estado e trabalha na<br />

periferia. Ela inclusive atua no filme fazendo justamente<br />

o papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista. Minha cunhada foi<br />

diretora <strong>de</strong> três escolas, duas <strong>de</strong>las em favelas. São<br />

mulheres que saem <strong>de</strong> casa e muitas vezes nem sabem<br />

se vão voltar. Precisam ter muita coragem.<br />

Enfrentam coisas <strong>como</strong> meninos armados, traficantes<br />

que entram nas escolas, precisar reprovar<br />

um aluno que po<strong>de</strong> ser filho <strong>de</strong> bandido, com<br />

risco do pai cismar e ir até lá dar um tiro por nada.<br />

É um ambiente complicado, tanto socialmente<br />

quanto institucionalmente, um universo violento<br />

e machista. Sem falar nos salários baixos. Quase<br />

sempre tive faxineiras diaristas que trabalhavam<br />

<strong>como</strong> bedéis nessas escolas e minha mulher trazia<br />

para trabalhar porque precisavam <strong>de</strong> um complemento<br />

para sobre<strong>viver</strong>. Os relatos <strong>de</strong>las me<br />

forneceram muita matéria-prima para o roteiro.<br />

Coisas <strong>como</strong> varrer o chão das escolas <strong>de</strong> manhã<br />

cedo e encontrar seringas hipodérmicas, restos<br />

<strong>de</strong> drogas, topar com gente que tinha entrado<br />

lá para dormir e se drogar. Era comum que elas<br />

tivessem <strong>de</strong> tirar essas pessoas <strong>de</strong> lá para que as<br />

crianças pu<strong>de</strong>ssem entrar e ter aula.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!