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Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

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da comentou <strong>de</strong>sconsolado: Porra, eu trabalho<br />

feito um cachorro e ainda tenho que ouvir isso<br />

<strong>de</strong> um bandido e <strong>de</strong> um policial!<br />

O filme tem elementos que aprecio, fundamentais<br />

no campo das relações humanas e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta.<br />

A confraternização geral na pastelaria,<br />

a amiza<strong>de</strong> que se estabelece entre o suicida e<br />

China, o primeiro apartamento do herói que<br />

se torna aparelho (que é <strong>como</strong> se <strong>de</strong>signavam<br />

os locais <strong>de</strong> reuniões e escon<strong>de</strong>rijo dos ativistas<br />

<strong>de</strong> esquerda), a relação impossível com a jovem<br />

revolucionária, o aprendizado forçado e irreversível<br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social, as amiza<strong>de</strong>s e<br />

suas cobranças naturais. Finalmente, o encontro<br />

das almas gêmeas em outras esferas e a morte<br />

<strong>como</strong> bênção e êxtase maior do poeta. As seqüências<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dois Córregos são minhas<br />

preferidas. O entendimento mudo entre o pai,<br />

a filha prostituta e o falso noivo; a charrete<br />

<strong>como</strong> símbolo atemporal da graça provinciana<br />

estranha ao poeta urbano; o diálogo versejado<br />

entre o velho louco, caolho e paraplégico e o<br />

herói bastardo; a comunhão familiar que livra a<br />

filha prostituta <strong>de</strong> qualquer cobrança; a viagem<br />

provisória que tanta paz transmite ao solitário<br />

Torres e que o faz flertar com o anjo da morte; os<br />

beijos roubados no interior do trem, a amiza<strong>de</strong><br />

profunda entre dois seres fragilizados transfigurando-se<br />

em ternura; e a dança que os aproxima<br />

e dá dignida<strong>de</strong> à solidão são talvez os momentos<br />

mais marcantes do filme.<br />

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