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Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

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202<br />

público foi o que me <strong>de</strong>u mais retorno humano.<br />

É esse tipo <strong>de</strong> retorno que me motiva a fazer<br />

<strong>cinema</strong>. Só importam realmente os filmes que<br />

<strong>de</strong> alguma forma sirvam para o aperfeiçoamento<br />

<strong>de</strong> quem o assiste. Júlio Bressane tem uma frase<br />

que eu acho perfeita: A ciência tem a obrigação<br />

<strong>de</strong> aperfeiçoar o mundo. A arte tem a obrigação<br />

<strong>de</strong> aperfeiçoar você.<br />

Filme Demência é o meu filme mais repleto <strong>de</strong><br />

citações e referências a clássicos. Muita gente o<br />

acha pretensioso. Não posso fazer nada. Sempre<br />

li muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> menino. Aqui eu escancaro a minha<br />

avi<strong>de</strong>z intelectual, mas também me exponho<br />

<strong>de</strong> corpo e alma. Mostro minhas fraquezas, <strong>como</strong><br />

se estivesse colocando <strong>de</strong> corpo e alma <strong>de</strong>ntro da<br />

obra. Ouvi comentários <strong>de</strong> críticos que respeito<br />

me con<strong>de</strong>nando: O cara agora ficou pedante! O<br />

que eu posso fazer?<br />

Tentei exorcizar todos os maneirismos e a afetação<br />

da minha formação cultural com este filme.<br />

Fui instigado – mesmo que espontaneamente<br />

– <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância a me tornar um intelectual <strong>de</strong><br />

ponta. Essa sempre foi a expectativa <strong>de</strong> meus pais<br />

e uma questão me in<strong>como</strong>dou durante muito<br />

tempo. Naquele episódio <strong>de</strong> Audácia – A Fúria<br />

dos Desejos, que eu dirigi, chamado A Badaladíssima<br />

dos Trópicos, há uma cena em que dois<br />

personagens discutem. Um <strong>de</strong>les chama o outro<br />

<strong>de</strong> intelectual e ele fica furioso. Pega o rival pelo<br />

colarinho e grita: Intelectual é a tua mãe. Me<br />

xinga <strong>de</strong> filho-da-puta, mas não me chame <strong>de</strong>

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